Em decisões históricas, Reino Unido, Canadá e Austrália reconheceram oficialmente o Estado da Palestina ontem, em pronunciamentos separados. Os países se anteciparam, assim, ao grupo de 10 nações que deverão fazer o mesmo esta semana na Conferência de Alto Nível sobre Palestina, que ocorre paralelamente à Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova York.
O Reino Unido e o Canadá são os primeiros países do G7, grupo que reúne algumas das principais economias do mundo, a reconhecer a Palestina. "Qualquer passo em direção ao reconhecimento é porque queremos manter vivas as perspectivas de uma solução de dois Estados", disse o ministro do Exterior e vice-premiê britânico David Lammy.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, estava sob pressão do seu Partido Trabalhista - mais de 130 deputados da legenda assinaram uma carta em favor do reconhecimento -, mas decidiu esperar o fim da visita ao seu país feita pelo presidente americano, Donald Trump, que é aliado de Israel e maior fiador do Estado judaico no mundo, para oficializar o anúncio. Ao ser questionado sobre o reconhecimento do território durante a visita oficial, Trump disse que essa "é uma das poucas discordâncias" que tem com Starmer.
Já o premiê canadense, Mark Carney, confirmou o posicionamento em comunicado e disse que o reconhecimento representa um esforço internacional coordenado. "O Canadá reconhece o Estado da Palestina e oferece nossa parceria na construção da promessa de um futuro pacífico tanto para o Estado da Palestina quanto para o Estado de Israel", diz trecho da nota, que faz críticas a Israel. "O atual governo israelense está trabalhando para impedir que a perspectiva de um Estado palestino seja estabelecida."
O primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, por sua vez, escreveu em nota que a "organização terrorista Hamas não deve ter nenhum papel na Palestina". Reino Unido, Canadá e Austrália saem na dianteira de um movimento de uma série de países ocidentais em favor do reconhecimento da Palestina num contexto de crise humanitária no Oriente Médio e pressões internacionais por uma solução de dois Estados.
Há divisões, no entanto, o grupo de dez países que deverão reconhecer a Palestina nesta semana - França, Portugal, Bélgica, Luxemburgo, Andorra, Malta, San Marino, além de Reino Unido, Canadá e Austrália - não contou com a adesão dos pesos-pesados Alemanha e Itália. Frustrou-se, assim, o propósito do presidente francês Emmanuel Macron de criar um bloco da União Europeia para se contrapor à posição de apoio a Israel por parte dos EUA.
Ao todo, mais de 140 países reconhecem o Estado palestino, incluindo o Brasil, que tomou essa decisão em 2010. Desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, as forças de Tel Aviv já matou mais de 65 mil pessoas, a maioria civis.
Folhapress