Um dia após iniciar uma ofensiva terrestre contra a Cidade de Gaza, o Exército de Israel afirmou, nesta quarta-feira (17), que estava abrindo uma nova rota temporária para forçar os moradores a fugirem da capital do território palestino. De acordo com panfletos lançados sobre a cidade, a estrada Salah al-Din, que atravessa o centro da Faixa de Gaza de Norte a Sul, ficará aberta por 48 horas a partir do meio-dia desta quinta (6h no Brasil) até agora, o Exército havia incentivado os moradores a abandonar a cidade por uma estrada costeira em direção ao que chama de "zona humanitária", mais ao sul.
O porta-voz do Exército de Israel Avichay Adraee publicou no X um mapa que mostra as rotas indicadas pelas forças. Na página, há um mapa com indicação das regiões sob ordem de retirada e das categorizadas como área humanitária. "O mapa publicado mostra os números dos quarteirões em Gaza, com um claro apelo aos queridos moradores de Gaza", diz o texto, ao afirmar que as informações são publicadas "a fim de evitar danos e preservar suas vidas".
Grande parte da Cidade de Gaza foi destruída no início da guerra em 2023, mas cerca de 1 milhão de palestinos haviam retornado para casas entre as ruínas durante o cessar-fogo de janeiro. Forçá-los a sair significaria confinar a maior parte da população de Gaza, que já era um dos territórios mais densamente povoados do mundo antes do conflito, em acampamentos superlotados no sul, onde a fome se intensifica.
Mesmo esse local, designado por Israel como "zona humanitária", não é seguro, de acordo com autoridades palestinas e da ONU. Na terça, um ataque aéreo matou cinco pessoas em um veículo que deixava a Cidade de Gaza em direção ao Sul. Já no campo de refugiados de Nuseirat, no centro do território, um ataque aéreo destruiu um edifício nesta quarta, levando moradores das proximidades a fugir em pânico. As condições desencorajam as centenas de milhares de pessoas a deixarem suas casas.
Até agora, Israel controla subúrbios no Leste da Cidade de Gaza e está bombardeando três áreas no Sudeste, no Norte e nas áreas costeiras do Noroeste da cidade. De acordo com o Exército do Estado judeu, mais de 150 alvos foram atacados na cidade desde o início da ofensiva terrestre.
Segundo o gabinete de mídia do Hamas, Israel destruiu ou danificou 1.600 edifícios residenciais desde o dia 10 de agosto, quando o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou a intenção de assumir o controle total do local. Tel Aviv também teria destruído 13 mil tendas na Cidade de Gaza onde pessoas deslocadas estavam abrigadas.
Israel, que diz buscar entre 2 mil e 3 mil "terroristas do Hamas" na cidade, estima que 40% dos moradores já se deslocaram. O escritório de mídia de Gaza, controlado pela facção, diz que 190 mil se dirigiram para o Sul, e 350 mil se mudaram para áreas centrais e ocidentais da cidade.
Agências