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Publicada em 28 de Julho de 2025 às 11:36

Primeiro-ministro da França diz que acordo comercial entre UE e EUA é ato de 'submissão'

François Bayrou criticou o acordo entre União Europeia e Estados Unidos

François Bayrou criticou o acordo entre União Europeia e Estados Unidos

Damien Meyer/AFP/JC
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Agências
A França classificou o acordo comercial entre os Estados Unidos e a União Europeia como um "dia sombrio" para a Europa, dizendo que o bloco cedeu ao presidente dos EUA, Donald Trump, com um acordo desequilibrado que impõe uma tarifa de 15% sobre os produtos da UE, ao mesmo tempo em que poupa as importações dos EUA de qualquer retaliação europeia imediata.
A França classificou o acordo comercial entre os Estados Unidos e a União Europeia como um "dia sombrio" para a Europa, dizendo que o bloco cedeu ao presidente dos EUA, Donald Trump, com um acordo desequilibrado que impõe uma tarifa de 15% sobre os produtos da UE, ao mesmo tempo em que poupa as importações dos EUA de qualquer retaliação europeia imediata.
As críticas do primeiro-ministro da França, François Bayrou, foram feitas após meses de pedidos franceses para que os negociadores da UE adotassem uma postura mais dura contra Trump, ameaçando com medidas recíprocas -uma posição que contrastava com as abordagens mais conciliatórias da Alemanha e da Itália.
"É um dia sombrio quando uma aliança de povos livres, reunidos para afirmar seus valores comuns e defender seus interesses comuns, se resigna à submissão", escreveu Bayrou no X (ex-Twitter) sobre o que ele chamou de "acordo Von der Leyen-Trump".
As críticas francesas e o silêncio do presidente Emmanuel Macron desde que o acordo foi assinado entre Trump e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, contrastaram com a reação mais benigna de Berlim e Roma.
Os ministros do governo francês reconheceram que o acordo tinha alguns benefícios -incluindo isenções para setores como o de bebidas alcoólicas e o aeroespacial- mas disseram que ele continuava fundamentalmente desequilibrado.
"Esse estado de coisas não é satisfatório e não pode ser mantido", disse o ministro francês de Assuntos Europeus, Benjamin Haddad, em X, pedindo que a UE ative seu chamado instrumento anti-coerção, que permitiria uma retaliação não tarifária.
Macron havia dito que a UE deveria responder da mesma forma se os Estados Unidos impusessem tarifas sobre os produtos da UE e aplicassem medidas equivalentes sobre as importações dos EUA para o bloco, em particular sobre serviços, nos quais os EUA têm um superávit com a UE.
Mas a linha mais branda defendida pelo chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, e pela primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, cujos países são mais dependentes do que a França das exportações para os EUA, prevaleceu.
Meloni saudou o acordo comercial após ele ser revelado. "Uma escalada comercial entre a Europa e os Estados Unidos teria consequências imprevisíveis e potencialmente devastadoras", comentou. Para o chefe de Governo da Alemanha, Friedrich Merz, o acordo "evita uma escalada inútil" nas tarifas comerciais.
Nas demais capitais europeias, as reações também não foram unânimes. Nesta segunda-feira (28), o premiê da Espanha, Pedro Sánchez, expressou seu "apoio" ao acordo comercial, mas disse fazê-lo "sem nenhum entusiasmo".
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, afirmou que o acordo alcançado pela UE foi "pior" do que o alcançado pelo Reino Unido. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, classificou o acordo como um "golpe muito duro" para a indústria europeia.
Entre o empresariado, o influente setor automotivo europeu, que enfrenta uma crise e seria severamente atingido por uma guerra comercial, enfatizou que o acordo representa uma desescalada bem-vinda. A indústria química alemã, por outro lado, lamentou que as tarifas acordadas ainda sejam "muito altas".
Em resposta às críticas, o principal negociador da UE, o comissário europeu para o Comércio, Maros Sefcovic, afirmou nesta segunda que estava "100% certo de que este acordo é melhor do que uma guerra comercial com os Estados Unidos". O mesmo foi dito por Ursula von der Leyen, no domingo.
O acordo define uma taxa de 15% sobre a maioria dos produtos do bloco, mesma taxa do acordo que o presidente Donald Trump fechou com o Japão na semana passada. Além dos 15%, segundo o presidente dos EUA, a UE gastará US$ 750 bilhões adicionais em produtos do setor de energia dos EUA, investirá US$ 600 bilhões no país e comprará "uma enorme quantidade" de equipamentos militares americanos.

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