A relação entre o presidente da Argentina, Javier Milei, e a sua vice, Victoria Villarruel, já estava ruim. Nos últimos dias, porém, o vínculo atingiu o ponto mais crítico após ela criticar o governo nas redes sociais.
A dupla está em rota de colisão desde a semana passada, quando a vice-presidente, que na Argentina também lidera o Senado, habilitou a sessão em que foi aprovado o aumento emergencial de 7,2% das aposentadorias, como parte de um pacote de projetos que eleva os gastos fiscais.
Victoria passou a receber diversas críticas de ministros e apoiadores do governo, que questionam a legalidade da sessão, por ela não ter sido convocada pela presidência do Senado. A vice defendeu sua posição, explicando que os senadores têm autonomia para convocar sessões e rebatendo as acusações de traição.
Milei demonstrou publicamente sua desaprovação em relação à decisão, compartilhando ataques contra ela nas redes sociais. Victoria, por sua vez, também criticou o mandatário, sugerindo que ele deve cortar gastos com viagens e com o serviço de inteligência, acusando-o de estar desconectado da realidade dos argentinos. A vice escreveu ainda que o presidente tem de se comportar como um adulto para discutir políticas.
O conflito revela divisões profundas na liderança argentina atual. Victoria se isolou no Senado, e a Casa Rosada começou a espalhar a mensagem de que ela está pensando em uma futura candidatura fora do grupo político de Milei, A Liberdade Avança. As tensões aumentaram com a desavença pública em um evento oficial, no qual o presidente, ao entrar na Catedral de Buenos Aires, ignorou a vice e depois escreveu nas redes sociais que "Roma não paga traidores".
Após a derrota do governo no Congresso, aliados de Milei exigiram a suspensão da vice do cargo. Durante um discurso na Bolsa de Comércio de Buenos Aires, o ultraliberal insinuou que ela não faz parte da sua equipe e que o teria traído.
Agências