Ao menos sete mortes relacionadas à primeira grande onda de calor do ano na Europa foram registradas desde terça-feira (1º) no continente. Duas pessoas foram encontradas mortas em uma área de incêndio florestal na Catalunha e, também na Espanha, uma criança de dois anos morreu após ser esquecida pelos pais em um carro.
Na França, uma americana de dez anos desmaiou durante visita ao Palácio de Versalhes após reclamar do calor, segundo a imprensa do país. Ela chegou a ser atendida por socorristas, mas não resistiu. O caso é investigado pela polícia. O governo atribuiu ao clima extremo outras duas mortes e mais de 300 internações.
Na Espanha, a Aemet, o serviço meteorológico do país, registrou o junho mais quente da história, com média de 23,6°C, 0,8°C acima do recorde anterior, de 2017. Pela primeira vez, o mês superou as médias históricas de julho e agosto, os períodos mais quentes do verão europeu.
No Norte da Itália, um motorista de caminhão de 70 anos foi encontrado morto na cabine de seu veículo. Médicos que o atenderam disseram que as altas temperaturas podem ter precipitado uma condição de saúde frágil pré-existente.
A canícula que assola a Europa desde o fim de semana provocando recordes de temperatura em diversos países chegou ao Leste nesta quarta. Alertas de calor extremo na Alemanha incluíram cidades como Hamburgo, Colônia, Frankfurt e Stuttgart. A temperatura em Berlim chegou a 35°C no meio do dia, marca absolutamente incomum para um início de verão. Museus, ambientes em geral climatizados, deixaram de cobrar por ingressos em diversas localidades. Igrejas evangélicas se transformaram em abrigos, com postos de hidratação e até locais de descanso para pessoas vulneráveis.
Uma usina nuclear na Suíça foi parcialmente desligada, e uma série de blecautes foram registrados na Itália. Segundo as autoridades, picos de consumo de energia provocados pelo uso desenfreado de ar condicionado prejudicaram o abastecimento.
Na Assembleia Nacional francesa, a líder de ultradireita Marine Le Pen provocou o governo do presidente Emmanuel Macron, dizendo que transformaria em plataforma eleitoral um grande plano para popularizar o ar condicionado no país. A ministra do Meio Ambiente, Agnès Pannier-Runacher, rebateu Le Pen, afirmando que já existe legislação sobre o tema e que a extrema direita prega as soluções erradas para o problema.
Enquanto o continente ardia, a Comissão Europeia confirmava a proposta de flexibilizar suas metas climáticas para 2040. A NDC (contribuição nacionalmente determinada, na sigla em inglês) do bloco econômico para 2040, pelo projeto, terá um corte de 90% das emissões em relação ao verificado em 1990. O plano é contestado por diversos países, que consideram a meta inatingível.
O projeto precisa ser aprovado pelo Parlamento e pelo Conselho Europeu. De acordo com relatos de diplomatas, a França já teria sugerido o adiamento das votações. O governo Macron prefere trabalhar com uma meta não vinculante para 2035, que precisa ser apresentada por todos os signatários do Acordo de Paris até o encontro no Brasil, em novembro.
Agências