Os representantes da Rússia e Ucrânia estão na Turquia para a primeira negociação direta de paz em mais de três anos. O presidente russo Vladimir Putin decidiu não ir ao encontro, o que coloca em dúvida a participação de Volodymyr Zelenski.
Putin propôs reunião após ser pressionado por líderes de Reino Unido, França, Alemanha e Polônia, com apoio do presidente dos EUA, Donald Trump. O grupo exige que a Rússia aceite um cessar-fogo de 30 dias, sob ameaça de novas sanções. "Chega de 'ses' e 'mas', chega de condições e atrasos", afirmou o premiê britânico Keir Starmer.
O presidente russo, porém, ignorou apelos de Zelensky para ir ao encontro e mandou representantes de segundo escalão. A delegação não tem ministros, apenas vice-ministros, porta-vozes e assessores especiais, liderados pelo assessor Vladimir Medisnky, conhecido pela posição linha-dura em relação ao conflito. Ele também participou das primeiras conversas com a Ucrânia, ainda em 2022. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, afirmou que os representantes russos estão "dispostos a conduzir negociações sérias".
O presidente ucraniano disse que a ausência de Putin "não sugere intenções sérias". Zelensky conversou com a imprensa ao desembarcar no aeroporto de Ancara nesta quinta-feira (15). "Todos nós sabemos quem toma decisões na Rússia. Ainda não sabemos o nível da delegação russa, qual é o seu mandato e se eles podem tomar alguma decisão, mas pelo que vemos, parece falso", afirmou o presidente da Ucrânia.
Sem Putin, a presença de Zelensky também não está garantida. O ucraniano desembarcou em Ancara para negociar com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, sua viagem a Istambul. "Só então decidirá os próximos passos de sua agenda", declarou uma fonte à AFP.
Trump, po sua vez, declarou que pode viajar para a Turquia nesta sexta-feira (16) se negociações avançarem. O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, disse estar "cautelosamente otimista" sobre as negociações. "Progressos podem acontecer nas duas próximas semanas", afirmou, dizendo que "a bola está claramente no campo da Rússia".
Rússia e Ucrânia mantêm posições difíceis de conciliar. A Rússia exige que a Ucrânia renuncie ao processo de adesão à Otan e a garantia de que vai manter os territórios ucranianos anexados por Moscou, condições inaceitáveis para Kiev e seus aliados. A Ucrânia, por sua vez, quer "garantias de segurança" ocidentais sólidas para evitar novos ataques russos e que o Exército de Moscou, que controla quase 20% do território ucraniano, se retire do país.
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