O Ministério da Defesa da Síria anunciou ontem a conclusão das operações militares para combater os apoiadores remanescentes do ditador deposto Bashar al-Assad e, de acordo com o governo, eliminar ameaças futuras.
Segundo um balanço atualizado pelo Observatório Sírio dos Direitos Humanos, que tem uma ampla rede de fontes na Síria, mais de 1.000 pessoas morreram desde a última quinta-feira (6), sendo 973 civis da minoria alauita, à qual pertence Assad, mortos pelas "forças de segurança e grupos aliados".
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Ao menos 481 membros das forças de segurança e combatentes pró-Assad morreram nos combates, de acordo com o OSDH. As autoridades não divulgaram um balanço. O OSDH afirmou que esses civis foram assassinados por "motivos confessionais" por agentes de segurança e combatentes pró-governo, e que também houve "saque de casas e propriedades".
Após cobranças da Organização das Nações Unidas (ONU) e do governo americano, o governo interino sírio anunciou no domingo a formação de uma comissão para investigar as mais de mil mortes. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmaeil Baqaei, afirmou que "nada justifica os ataques contra comunidades alauitas, cristãs, drusas e outras minorias, que provocaram um profundo choque entre a opinião pública, tanto na região quanto a nível internacional".
Baqaei negou que o país persa esteja por trás dos atos de violência na Síria, que deixaram centenas de mortos. "A acusação é completamente ridícula e rejeitada, e acreditamos que apontar o dedo acusador para o Irã e os amigos do Irã é uma ação equivocada, uma tendência para desviar e 100% enganosa", disse o porta-voz em entrevista coletiva.
A violência explodiu após um ataque executado na quinta-feira passada por partidários de Assad contra as forças de segurança perto de Latakia, cidade da região oeste do país e berço da minoria alauita. As autoridades enviaram reforços para apoiar as operações das forças de segurança contra os combatentes pró-Assad.
A Síria é formada por diversas comunidades - sunita, curda, cristã, drusa -, e uma delas, os alauitas, estavam fortemente representados no aparato militar e de segurança nos mais de 50 anos em que a família Assad esteve no poder -primeiro com Hafez al-Assad e depois com Bashar.
Bashar foi deposto em dezembro do ano passado por uma coalizão liderada pelo grupo islamista radical sunita HTS (Organização para a Libertação do Levante, na sigla em árabe), ex-braço sírio do grupo terrorista Al Qaeda. O líder rebelde Abu Mohammad al-Jolani, que agora atende pelo nome verdadeiro, Ahmed Hussein al-Sharaa, está à frente do governo provisório desde que Bashar deixou o país e se exilou na aliada Rússia.
Folhapress