Pressionado por manifestações crescentes de rua contra o risco do colapso da trégua na Faixa de Gaza, o governo de Israel falou grosso nesta terça (11), mas decidiu que manterá o cessar-fogo se o grupo palestino soltar os três reféns programados para serem libertados no próximo sábado.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu deu um ultimato para que o Hamas entregue os reféns israelenses. Caso contrário, ele afirma que a guerra na Faixa de Gaza será retomada, com combates intensos. A ameaça foi feita um dia depois de o Hamas alegar que Israel descumpriu termos do cessar-fogo e suspender a libertação.
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A decisão do gabinete ocorreu após mais de quatro horas de reunião. Não está claro ainda, na prática, o que de fato Israel irá fazer. Os temos da trégua, chancelada por Trump antes de sua posse, preveem uma libertação em fases dos reféns, em troca de prisioneiros palestinos - a mais recente rodada foi no fim de semana passado, e a sexta será no sábado.
O clima foi ainda mais acirrado nesta terça com o anúncio, pelas forças israelenses, de que um dos reféns presumidos do 7 de outubro de 2023 morreu. Shlomo Mansour foi morto no kibutz em que morava perto de Gaza e seu corpo, levado pelo Hamas. Aos 85 anos naquele dia, é a vítima mais idosa do massacre.
A nova crise havia começado na segunda, quando o Hamas anunciou que iria adiar a libertação de reféns prevista para o próximo sábado devido ao que chamou de violações de Israel da trégua. O grupo terrorista disse que o Estado judeu estava impedindo o acesso de moradores de Gaza às ruínas de suas casas e a entrada de ajuda humanitária. Citou apenas de forma reservada, contudo, o real problema: o plano apresentado por Trump, que prevê a remoção dos palestinos do território para sempre.
O presidente tem endurecido os termos de sua proposta, abraçada com entusiasmo pela ultradireita que sustenta Netanyahu no Parlamento, mas o fato é que pouco se sabe de fato sobre ela. Trump fala em transformar Gaza num resort e em realocar seus moradores em vizinhos como o Egito e a Jordânia.
Nenhum dos países árabes ou a liderança palestina concordam com a ideia, criticada por aliados europeus dos EUA. Nesta terça, o ditador egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, voltou a condenar a ideia e disse que os palestinos têm de ficar em Gaza durante sua reconstrução.
Seja como for, a Defesa de Israel foi colocada em alerta após o comunicado do Hamas. O gabinete de segurança, sendo relatos, também disse ter ficado em favor do plano de Trump.