A decisão do governo Milei de retirar a Argentina da OMS (Organização Mundial da Saúde) reacendeu o debate sobre soberania e cooperação internacional. A Argentina anunciou sua saída da OMS na quarta-feira, justificando a decisão como uma forma de reafirmar a soberania nacional. Segundo o porta-voz da presidência, Manuel Adorni, a organização impõe diretrizes que limitam a liberdade na condução de suas políticas de saúde.
O governo argentino argumenta que a medida permitirá maior flexibilidade na formulação de estratégias sanitárias, sem seguir recomendações que, segundo a administração Milei, não consideram as particularidades do país.
A medida se insere em um cenário global de contestação ao multilateralismo. Ela segue uma linha semelhante à adotada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que também anunciou a saída do país da OMS durante seu mandato. Especialistas afirmam que essa decisão pode trazer desafios e oportunidades para a Argentina.
A saída representa uma mudança na política externa da Argentina e pode afetar sua relação com outros países e organismos internacionais. A advogada internacionalista Talita Dal Lago Fermanian avalia que a decisão fortalece o controle do governo argentino sobre suas políticas de saúde. "A OMS, apesar de se apresentar como um órgão técnico, impõe diretrizes que muitas vezes interferem diretamente nas políticas internas dos países, como ocorreu durante a pandemia", afirma.
Talita diz ainda que, no no curto prazo, a saída da OMS pode gerar pressões políticas contra Milei, mas não deve impactar diretamente as relações comerciais no Mercosul. "Se houver retaliações, elas serão motivadas mais por questões ideológicas do que por riscos reais à cooperação regional".
Folhapress