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Publicada em 28 de Outubro de 2024 às 20:00

Sem maioria no Congresso, sigla nanica e antissistema pode ser decisiva no Uruguai

Orsi e Dekgado voltam às urnas no dia 24 de novembro para disputa do 2º turno

Orsi e Dekgado voltam às urnas no dia 24 de novembro para disputa do 2º turno

SANTIAGO MAZZAROVICH/AFP/JC
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Folhapress
O jingle de campanha já estava grudado na cabeça, mas os passos de dança iam desacelerando pelo cansaço quando finalmente o candidato a presidente Yamandú Orsi foi discursar aos apoiadores da Frente Ampla pouco antes das 23h do domingo (27) em Montevidéu. Havia bem menos ânimo geral do que o que fora projetado.
O jingle de campanha já estava grudado na cabeça, mas os passos de dança iam desacelerando pelo cansaço quando finalmente o candidato a presidente Yamandú Orsi foi discursar aos apoiadores da Frente Ampla pouco antes das 23h do domingo (27) em Montevidéu. Havia bem menos ânimo geral do que o que fora projetado.
Ocorre que os mais animados da coalizão de forças de esquerda e centro-esquerda no Uruguai chegaram a pensar que Orsi poderia ganhar já no primeiro turno ou conseguir maioria parlamentar para chegar com mais força ao segundo. Mas o mapa eleitoral conhecido durante a madrugada foi mais complicado que isso.
Orsi disputará a Presidência com o candidato governista, Álvaro Delgado, em 24 de novembro, e as surpresas no Congresso tornaram qualquer aposta mais arriscada. A Frente Ampla conseguiu estreita maioria no Senado (16 de 30 cadeiras), de acordo com projeções com base nos dados da Corte Eleitoral.
Já na Câmara, ninguém reuniu maioria. A Frente poderá ter 48 das 99 cadeiras da Casa. Já a Coalizão Republicana, nome dado à atuação conjunta dos partidos Nacional e Colorado, somaria 49 assentos. Como no país o presidente tem poucos instrumentos para governar sem o Congresso, ter maioria é uma carta na manga fundamental.
Com os deputados, ainda houve uma surpresa adicional. O partido nanico e antissistema Identidade Soberana, criado há somente dois anos, conseguiu dois deputados e se tornou a quarta maior força política do Uruguai, atrás, respectivamente, da Frente Ampla e dos partidos Nacional e Colorado.
Possivelmente estará nas mãos desse projeto político, ainda pouco compreendido e destoante em um Uruguai de partidos tradicionais e antigos, negociar a maioria na Câmara. O prognóstico não é bom: "Somos uma alternativa de ferrenha oposição aos grandes blocos, Frente e Coalizão Republicana, que formam o partido único da nova ordem mundial", diz o partido.
Fundado por Gustavo Salle, 66 anos, um advogado que já chegou a flertar com a Frente, até que a tornou seu inimigo político, o partido se diz antissistema. Ele diz que anulará seu voto no segundo turno, negou a pandemia de Covid e é contra investimentos externos, que diz que usurpam a soberania.
Em seu programa, defende, entre outras coisas: o fim da Lei Trans, de combate à discriminação; da Lei do Aborto, que assegura a interrupção voluntária da gravidez até a 12ª semana de gestação; e da lei que combate a violência contra a mulher. Também quer uma revisão completa do Código Penal uruguaio.
Para a Coalizão Republicana, fica um gosto amargo. No Uruguai estão proibidas as alianças eleitorais, por isso cada força desse bloco governista apresentou seu candidato a presidente, pulverizando os votos. Fato é que somados os votos dessas forças, elas superariam o que a Frente Ampla reuniu (teriam em torno de 47%).
Seja como for, o segundo turno tende a ser apertado. Naquele 2019, o hoje presidente Luis Lacalle Pou venceu por uma diferença menor que 2 pontos percentuais. Do Partido Nacional, Lacalle rompeu uma hegemonia de 15 anos da Frente Ampla no poder. A mesma coalizão que, agora, poderia voltar à presidência.
 

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