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Publicada em 09 de Junho de 2024 às 16:29

ONU inclui Israel e Hamas em 'lista da vergonha' sobre violência contra crianças

Publicado anualmente, o relatório detalha crimes de assassinato, mutilação, abuso sexual, sequestro ou recrutamento de crianças para conflitos

Publicado anualmente, o relatório detalha crimes de assassinato, mutilação, abuso sexual, sequestro ou recrutamento de crianças para conflitos

AFP/JC
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Folhapress
O governo de Israel disse na sexta-feira (7) que o país foi incluído em um grupo da ONU (Organização das Nações Unidas) de Estados e organizações que cometem violência contra crianças. Chamada de "lista da vergonha", a classificação inclui facções terroristas, como o Estado Islâmico, e outras nações em guerra, caso da Rússia.
O governo de Israel disse na sexta-feira (7) que o país foi incluído em um grupo da ONU (Organização das Nações Unidas) de Estados e organizações que cometem violência contra crianças. Chamada de "lista da vergonha", a classificação inclui facções terroristas, como o Estado Islâmico, e outras nações em guerra, caso da Rússia.
O anúncio foi feito por Gilad Erdan, embaixador israelense na ONU, que chamou a decisão de vergonhosa. Segundo ele, a lista será incluída num relatório sobre crianças e conflitos que deverá ser apresentado ao Conselho de Segurança em 14 de junho. Trata-se da primeira vez que o país é adicionado ao documento.
Publicado anualmente, o relatório detalha crimes de assassinato, mutilação, abuso sexual, sequestro ou recrutamento de crianças para conflitos. O documento também destrincha casos em que o acesso à ajuda foi bloqueado de forma deliberada e em que escolas e hospitais foram alvos no conflito.
Não é possível saber, por ora, quais são as acusações contra os militares e autoridades israelenses. Erdan disse apenas que o país havia sido incluído na lista de atores que não haviam adotado medidas adequadas para proteger as crianças durante um conflito.
No ataque mais recente que ganhou ampla projeção internacional, as forças de Israel bombardearam na quarta uma escola da ONU que abrigava civis em Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza. Segundo autoridades locais, pelo menos 40 pessoas foram mortas, incluindo 14 crianças e 9 mulheres.
Fotos de agências de notícias confirmaram que havia o corpo de pelo menos uma criança no local da ofensiva. Tel Aviv, por sua vez, diz que o ataque foi preciso e que de 20 a 30 combatentes do Hamas estavam abrigados na escola. Em toda a guerra, mais de 36 mil palestinos foram mortos, segundo o Ministério da Saúde local, controlado pela facção terrorista.
O Hamas também será incluído na lista, segundo o jornal The Times of Israel. As Nações Unidas não confirmaram a inclusão de Israel ou da facção no documento, mas várias autoridades do país já se manifestaram sobre o assunto. O premiê israelense, Binyamin Netanyahu, disse em nota que a ONU "entrou para a lista negra da história quando se juntou àqueles que apoiam os assassinos do Hamas".
Já o ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, disse que a decisão afetaria as relações de Tel Aviv com a organização. Erdan, o embaixador na ONU, disse ter ficado "totalmente chocado e enojado" com a "decisão vergonhosa" tomada pelo secretário-geral, António Guterres.
"O Exército de Israel é o mais moral do mundo, portanto essa decisão imoral só ajudará os terroristas e recompensará o Hamas", escreveu Erdan nas redes sociais. "Isso é simplesmente ultrajante porque o Hamas tem utilizado crianças para o terrorismo, além de escolas e hospitais como instalações militares."
A lista da ONU tem como objetivo envergonhar as partes envolvidas em conflitos e pressioná-las a implementar medidas de proteção às crianças. No relatório de 2022, antes da guerra Israel-Hamas, a organização já havia alertado Tel Aviv de que o país poderia ser adicionado se não houvesse melhora na situação de civis em territórios palestinos.
O relatório publicado no ano passado, por sua vez, havia apontado "uma redução significativa no número de crianças mortas pelas forças israelenses, inclusive em ataques aéreos" de 2021 a 2022.
Também no ano passado as Forças Armadas da Rússia e "grupos armados afiliados", cujos nomes não foram revelados, foram incluídos no documento. Antes, o Tribunal Penal Internacional (TPI), baseado em Haia, havia emitido um mandado de prisão contra o presidente russo, Vladimir Putin, acusando-o de ser o responsável por crimes de guerra cometidos na Guerra da Ucrânia.
Em comunicado, o TPI argumenta que Putin é o provável responsável pela deportação ilegal de crianças de áreas ocupadas pela Rússia na Ucrânia --porções no leste do país. A alta corte diz que o russo falhou em exercer controle adequado de seus subordinados civis e militares.

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