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Publicada em 18 de Abril de 2024 às 12:30

Terceira guerra mundial depende de três elementos; professor aponta quais são

Questão para um novo conflito não está no Oriente Médio, diz acadêmico

Questão para um novo conflito não está no Oriente Médio, diz acadêmico

AFP/JC
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Mauro Belo Schneider
Mauro Belo Schneider Editor-executivo
Após o início dos conflitos entre Rússia e Ucrânia, Israel e Hamas e, mais recentemente, dos ataques de Irã a Israel, a população teme uma terceira guerra mundial. O professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e de Ciências Militares na Escola de Comando e Estado Maior do Exército, Paulo Visentini, no entanto, define o atual momento como “estado de compasso de espera”.
Após o início dos conflitos entre Rússia e Ucrânia, Israel e Hamas e, mais recentemente, dos ataques de Irã a Israel, a população teme uma terceira guerra mundial. O professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e de Ciências Militares na Escola de Comando e Estado Maior do Exército, Paulo Visentini, no entanto, define o atual momento como “estado de compasso de espera”.
Depende do que ocorrerá na Ucrânia e nas eleições dos Estados Unidos. Nesse meio tempo, todos tentam se aproveitar da situação para melhorar sua posição”, avalia o professor.
Conforme Visentini, embora o noticiário traga muitas informações de Israel, Faixa de Gaza e Irã, a questão de fundo para uma guerra mundial não está no Oriente Médio. Uma ofensiva dessa dimensão depende de três elementos: crise mundial estrutural (econômica ou política, com disputa entre potências que possa levar à escalada), questão da liderança (países envolvidos têm que ter uma liderança experiente que saiba jogar ou, pelo contrário, uma liderança inexperiente que crie riscos desnecessários) e blefes oportunistas (que podem dar errado e levar a uma guerra).
SERGEY BOBOK/AFP/JC
A interferência dos Estados Unidos, portanto, estaria ligada ao fato de o país norte-americano ter enfrentado uma forte divisão. “Não mais entre partidos, mas entre projetos. Além disso, os dois pretendentes (Donald Trump e Joe Biden) são muito vulneráveis”, analisa.
O professor afirma que, atualmente, ocorrem conflitos, porém não há uma guerra para valer. “São mensagens que são mandadas. Já existe palha seca para que haja incêndio”, alerta.
Sobre a participação do Brasil, Visentini salienta que o Ministério das Relações Exteriores, também conhecido como Itamaraty, se posiciona de maneira muito profissional. Manter a neutralidade é uma moeda de barganha. A forma como o presidente Lula se manifesta, sem defender um lado ou outro, para ele, é correta.
“Uma vez que um país está alinhado, ganha um inimigo. É como nas eleições, quando há briga pelo centro. Na Segunda Guerra Mundial, o Brasil só se alinhou no último momento. É uma política que eu considero inteligente”, destaca, complementando que a participação do País em um terceiro conflito dependeria de com quem brigaria e com qual motivação. "Estamos numa situação geopolítica que nos permite ter autonomia. Não temos que nos alinhar. Entrar no conflito significa destruição de propriedades", exemplifica.

Quais os riscos atuais para uma escalada

• Ocorre uma reconfiguração das potências mundiais, com a ascensão de nações como China, Índia e Rússia. Essa última consegue manter o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima de 3% apesar dos conflitos com a Ucrânia. Por outro lado, as potências mais antigas não querem ceder espaço, principalmente após os efeitos econômicos da pandemia de Covid-19.
Lideranças fortes estão sendo preservadas, como ocorreu recentemente na China, cujo limite do número de mandatos da presidência passou de dois para quatro. Já a Rússia reelegeu Vladimir Putin, que está no poder há quase 25 anos. A Índia deve ir pelo mesmo caminho, com a reeleição de Narendra Modi como primeiro-ministro. 
• Há alguns blefes oportunistas sendo lançados sobre placas tectônicas e podem gerar conflitos. Segundo o professor Visentini, há nações que se sentem ameaçadas com isso.
• Ásia, Oriente Médio e África não acompanharam sanções e passaram a apoiar a Rússia. Os milionários do Oriente Médio, com medo de confisco de recursos, também se aproximaram do país.

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