Os incêndios florestais nos arredores de uma área densamente povoada da região central do Chile já deixaram ao menos 51 pessoas mortas e destruíram mais de 1.000 casas, segundo autoridades chilenas. Em discurso transmitido no sábado (3) à noite pela televisão nacional.
O presidente chileno Gabriel Boric alertou que o número de mortos pode piorar à medida que quatro grandes incêndios ainda ocorriam na região de Valparaíso, onde os bombeiros têm lutado para chegar aos bairros mais ameaçados.
Viña del Mar, famosa cidade litorânea turística, teve ruas inteiras queimadas na noite de sábado. Milhares de pessoas que haviam deixado suas casas após uma ordem de evacuação só encontraram destroços queimados quando retornaram, e corpos cobertos por panos jaziam nas ruas. Uma espessa fumaça cinza pairava sobre a cidade.
Mais de mil casas foram destruídas e 46 mil hectares de vegetação foram queimados. O fogo continua a avançar, principalmente devido às condições climáticas e apesar dos esforços das equipes de combate aos focos.
As áreas mais afetadas ficam perto das praias do Pacífico, onde funcionam empresas vinícolas, agrícolas e madeireiras. As regiões estão entre 80 e 120 km a Noroeste de Santiago. Durante essa temporada, também se recebe um grande número de turistas.
Autoridades locais impuseram um toque de recolher obrigatório. O alerta vale a partir das 21h (horário local) e irá permitir o acesso de abastecimentos de combustíveis de emergência nas zonas afetadas.
Itamaraty acompanha a situação de brasileiros no Chile. Em comunicado da noite de sábado (3), o Ministério das Relações Exteriores lamenta os mortos e feridos no país e diz estar "monitorando a situação por meio do Consulado-Geral do Brasil em Santiago".
O Chile e outros países do sul da América da Sul estão sofrendo com uma onda de calor há dias. Na Argentina, os bombeiros estão lutando contra um incêndio de grandes proporções desde o final de janeiro, que já destruiu mais de 3 mil hectares de terra no Parque Nacional Los Alerces. Na Colômbia, mais de 17 mil hectares de florestas foram destruídas em janeiro por incêndios.
Boric instou os chilenos a cooperarem com as equipes de resgate. "Se lhe disserem para evacuar, não hesite em fazê-lo", disse ele. "Os incêndios avançam rapidamente e as condições climáticas dificultam o seu controlo. Há altas temperaturas, ventos fortes e baixa umidade."
A ministra do Interior do Chile, Carolina Tohá, disse que 92 incêndios florestais estavam ocorrendo no Centro e no Sul do país, onde as temperaturas foram anormalmente altas esta semana.