Milhares de pessoas protestaram contra a extrema direita em cidades da Alemanha no sábado (20), participando de eventos com slogans como "Nunca mais é agora", "Contra o ódio" e "Defenda a democracia". As grandes multidões foram as mais recentes de uma série de manifestações que vêm ganhando força nos últimos dias.
As manifestações ocorreram na sequência da divulgação de que extremistas de direita se reuniram recentemente para discutir a deportação de milhões de imigrantes, incluindo alguns com cidadania alemã. Alguns membros do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD) estiveram presentes na reunião.
LEIA TAMBÉM: Milhares em Londres, Paris e outras grandes cidades realizam manifestação pró-Palestina
A polícia disse que um protesto na tarde de sábado em Frankfurt atraiu 35 mil pessoas. Manifestações em Stuttgart, Nuremberg e Hannover, entre outras cidades, também atraíram grandes multidões.
Uma manifestação semelhante na sexta-feira em Hamburgo, a segunda maior cidade da Alemanha, atraiu o que a polícia disse ser uma multidão de 50 mil pessoas e teve de ser encerrada mais cedo porque a massa de pessoas levou a preocupações de segurança.
As multidões foram um sinal de que os protestos parecem estar estimulando a oposição popular ao AfD de uma nova forma. O que começou como reuniões relativamente pequenas aumentou para protestos que, em muitos casos, estão atraindo muito mais participantes do que os organizadores esperavam.
O catalisador dos protestos foi uma reportagem do meio de comunicação Correctiv, na semana passada, com o relato de uma reunião da extrema direita em novembro, que o veículo afirmou ter tido participação de figuras do extremista Movimento Identitário e do AfD. Um membro proeminente do Movimento Identitário, o cidadão austríaco Martin Sellner, apresentou a sua visão de "remigração" para as deportações, afirma a reportagem.
O AfD procurou se distanciar da reunião extremista, dizendo que não tinha ligações organizacionais ou financeiras com o evento, que não era responsável pelo que foi discutido lá e que os membros que participaram fizeram isso a título puramente pessoal. Ainda assim, uma das co-líderes do AfD, Alice Weidel, rompeu com um conselheiro que estava lá, ao mesmo tempo em que condenou a própria reportagem do Correctiv.
LEIA TAMBÉM: Javier Milei enfrenta 3° protesto contra seu governo
Os protestos também se baseiam na crescente ansiedade ao longo do último ano sobre o apoio que o AfD vem ganhando entre o eleitorado alemão.
O AfD foi fundado como um partido eurocético (descrença na União Europeia) em 2013 e entrou pela primeira vez no Bundestag, o Parlamento alemão, em 2017. Pesquisas agora o colocam em segundo lugar a nível nacional, com cerca de 23%, muito acima dos 10,3% que obteve durante as últimas eleições federais em 2021.