O governo de Javier Milei anunciou um duro pacote de medidas econômicas para conter a crise e a inflação na Argentina. O novo presidente vai desvalorizar fortemente o peso, suspender todas as obras públicas, cortar subsídios de energia e transporte, reduzir repasses às províncias e liberar importações.
O dólar oficial, que vale cerca de 400 pesos no país vizinho hoje, dobrará e será fixado em 800 pesos. Com isso, todos os preços nas ruas devem subir. Para amortecer os efeitos dessas mudanças, os programas sociais serão ampliados: as mensalidades pagas por filho subirão 100%, e os cartões alimentação, 50%.
Uma lista de dez medidas foi anunciada numa mensagem gravada na noite desta terça (12) pelo novo ministro da Economia, Luis Caputo, que foi ministro das Finanças do ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019). O vídeo foi exibido com duas horas de atraso porque Caputo teve que regravá-lo, segundo a imprensa argentina.
"Nós sempre focamos em solucionar as consequências, e não a raiz do problema", justificou ele, argumentando que a causa da inflação crônica do país é, fundamentalmente, o que chamou de "vício no déficit fiscal", ou seja, gastar sempre mais do que se arrecada.
"Agora o que viemos fazer é o oposto ao que foi feito sempre. Solucionar esse problema de raiz justamente para não ter que padecer mais dessas consequências, da inflação e da pobreza", afirmou, após fazer uma longa explicação sobre o que é o déficit. Ele citou como exemplos os gastos de uma casa e até maçãs.
Em seguida, elencou as dez medidas, que são:
1 - Contratos de trabalho do Estado com menos de um ano de vigência não serão renovados
2 - Verba oficial para os meios de comunicação será suspensa por um ano
3 - Ministérios serão reduzidos de 18 para 9, e secretarias, de 106 para 54
4 - Transferências para as províncias que são discricionárias serão reduzidas ao mínimo
5 - Novas obras não serão licitadas, e as licitadas e não iniciadas serão canceladas
6 - Subsídios de energia e transporte serão reduzidos
7 - Plano de geração de empregos e inclusão social chamado Potenciar Trabajo será mantido
8 - Câmbio oficial será desvalorizado para 800 pesos, com aumento temporário do imposto sobre importações e retenções de exportações não agrícolas; depois, os direitos de exportação serão eliminados
9 - Regime de importações será eliminado e substituído por um sistema estatístico sem aprovação prévia de licenças
10 - Repasse estatal por filho será duplicado, e cartão alimentação será aumentado em 50%
2 - Verba oficial para os meios de comunicação será suspensa por um ano
3 - Ministérios serão reduzidos de 18 para 9, e secretarias, de 106 para 54
4 - Transferências para as províncias que são discricionárias serão reduzidas ao mínimo
5 - Novas obras não serão licitadas, e as licitadas e não iniciadas serão canceladas
6 - Subsídios de energia e transporte serão reduzidos
7 - Plano de geração de empregos e inclusão social chamado Potenciar Trabajo será mantido
8 - Câmbio oficial será desvalorizado para 800 pesos, com aumento temporário do imposto sobre importações e retenções de exportações não agrícolas; depois, os direitos de exportação serão eliminados
9 - Regime de importações será eliminado e substituído por um sistema estatístico sem aprovação prévia de licenças
10 - Repasse estatal por filho será duplicado, e cartão alimentação será aumentado em 50%
O anúncio era muito aguardado pelo mercado e pela população desde a segunda (11). Sem saber quais seriam as primeiras medidas de Milei e, portanto, o que aconteceria com o dólar depois de sua posse, muitos argentinos aceleraram a estocagem de produtos duráveis nas últimas semanas, como é comum no país em épocas de incertezas.
Os preços em geral subiram 143% em 12 meses até outubro, mas espera-se um aumento ainda mais expressivo para novembro e dezembro, uma vez que, sem referência, as mercadorias e os serviços estão com valores muito voláteis e sendo constantemente remarcados nas ruas.
Acordos para limitar os preços feitos pelo ex-ministro Sergio Massa com empresários, que teoricamente durariam até o fim do mês, já não existem na prática. Bancos também adiaram ou aumentaram a cotação do dólar cobrada dos argentinos nas faturas dos cartões de crédito, já prevendo uma desvalorização pela nova gestão.
O Banco Central, agora presidido pelo economista Santiago Bausili, convocou uma reunião com os bancos na manhã desta quarta (12) para explicar o pacote de medidas antes da abertura dos mercados. Tanto Caputo como Bausili são nomes ligados ao ex-presidente Mauricio Macri, que apoiou Milei no segundo turno e pretende ajudar na sua governabilidade.
Folhapress