O presidente da COP-28, conferência do clima da ONU, Sultan al-Jaber, anunciou um conjunto de promessas para investimentos em energia renovável. O principal compromisso, apoiado por 116 países, é a previsão de triplicar a capacidade instalada de energias renováveis no mundo até 2030, alcançando cerca de 11 mil gigawatts.
A articulação foi costurada pelos Emirados Árabes junto à União Europeia e os Estados Unidos. Brasil, China, Índia, Canadá, Japão e Chile estão entre os signatários. A participação brasileira na proposta já havia sido anunciada pelo governo antes da cúpula.
As duas metas correspondem às recomendações da Agência Internacional de Energia (AIE) para que o mundo mantenha o aquecimento global médio próximo de 1,5°C. No entanto, um pilar fundamental da recomendação da agência ficou de fora dos compromissos: a eliminação de novos investimentos em combustíveis fósseis.
Sem assumir um compromisso, a carta diz reconhecer a necessidade de zerar combustíveis fósseis não compensados até 2050.
O documento também reconhece um lugar para a energia nuclear, citada junto às renováveis como uma tecnologia pronta no mercado e disponível para a descarbonização do setor energético.
Já um grupo de 50 petroleiras, incluindo a Petrobras e outras 27 estatais, assinaram a Carta de Descarbonização do Petróleo e Gás. A intenção é aumentar o investimento em energias renováveis, mas a declaração é vaga e não cita objetivos quantificáveis.
Segundo a AIE, as empresas do setor mantêm apenas 2,5% dos seus investimentos em renováveis. O número deveria subir para 50% até 2030 para se alinhar aos objetivos do Acordo de Paris.
O compromisso das petroleiras também prevê diminuir a pegada de carbono dos processos de extração e produção de combustíveis fósseis - as emissões do setor, no entanto, estão concentradas no consumo, durante a queima do combustível.
A carta afirma que as empresas signatárias se tornarão carbono zero por volta de 2050, o que seria possível através da compensação das emissões. Elas também preveem zerar as emissões de metano até 2030.
Entretanto, uma análise produzida pelo grupo Zero Carbon Analytics concluiu que parte das promessas contidas no anúncio já foram feitas em anos anteriores ou, em outros casos, não refletem avanço em relação às políticas atuais das empresas.
Folhapress