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Publicada em 22 de Novembro de 2023 às 16:43

‘Eliminar Banco Central é perto do impossível', diz Campos Neto sobre ideia de Milei

Para o chefe do BC, o importante é ter uma instituição com credibilidade

Para o chefe do BC, o importante é ter uma instituição com credibilidade

Lula Marques/Agência Brasil/JC
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Folhapress
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta quarta-feira (22) que a autoridade monetária é responsável pela supervisão e pela regulação do sistema financeiro e que é "perto do impossível" eliminar essas funções.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta quarta-feira (22) que a autoridade monetária é responsável pela supervisão e pela regulação do sistema financeiro e que é "perto do impossível" eliminar essas funções.
Em evento da Frente Parlamentar pelo Livre Mercado, em Brasília, Campos Neto comentou o plano do ultraliberal Javier Milei, presidente eleito da Argentina, de acabar com o BC argentino e dolarizar a economia do país.
"Em relação ao plano de acabar com o Banco Central, a gente precisa entender melhor o que significa isso", disse. "É óbvio que se tem dolarização, tem uma função do Banco Central que deixa de existir. Mas o Banco Central tem mandato de estabilidade monetária e estabilidade financeira. Isso significa que o Banco Central faz funções de conduta, de supervisão e de regulação do sistema financeiro, que alguém tem que fazer. Não existe sistema financeiro sem ter supervisão, regulação e conduta", acrescentou.
Para Campos Neto, o mais importante é ter uma instituição que funcione e tenha credibilidade. Segundo ele, existe a percepção na Argentina de que o BC do país vizinho foi em parte responsável pela degradação do peso argentino por ter sido usado como instrumento para financiar o governo.
Ele destacou também que o controle de fluxos de recursos internacionais também é feito pelo BC, seja qual for a divisa. "Eu não consigo ver como eliminar todas essas funções [regulação, supervisão e conduta]. Acho bem perto do impossível", afirmou. "O mais importante não é acabar com o Banco Central, e sim ter um Banco Central que funcione. Não conheço o plano na Argentina."
O chefe da autoridade monetária disse ainda que o episódio no país vizinho serve de lição para o Brasil sobre a importância de um BC autônomo e técnico. "É importante o Banco Central robusto, com bons funcionários. É importante cumprir e ter credibilidade também no cronograma de metas fiscais para indicar uma trajetória de dívida que seja sustentável."

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