A ditadura de Mianmar anunciou nesta segunda-feira (31) que irá prorrogar o estado de exceção em vigor no país asiático por mais seis meses, em mais um recrudescimento do regime que vigora desde 1º de fevereiro de 2021. Na prática, a medida adia as eleições que estavam previstas para ocorrer em agosto.
Segundo informou a mídia estatal, a decisão teria sido aprovada pelo Conselho Nacional de Segurança e Defesa - formado inteiramente por militares. O líder da junta que lidera o país, o general Min Aung Hlaing, disse que "arranjos de segurança" ainda são necessários.
"Para ter eleições que sejam livres e justas, e para que as pessoas possam votar sem medo, ainda são necessários arranjos de segurança, e por isso o estado de emergência precisa ser prorrogado", dizia o comunicado da junta lido em cadeia nacional de TV.
Mianmar segue imerso em uma série de conflitos em diversas áreas do país desde que militares derrubaram o governo civil da vencedora do prêmio Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, em 2021. À época, alegações de fraude eleitoral foram usadas para justificar a tomada de poder.
Desde então, a junta à frente da ditadura prometeu realizar eleições, mas vem atrasando o prazo de um ano inicialmente estabelecido e usa a violenta guerra civil que ocorre no país como pretexto.
Ainda nesta segunda-feira, o alto comissário de direitos humanos da ONU, o austríaco Volker Türk, disse que, desde o golpe, mais de 40 trabalhadores humanitários foram mortos pelos militares no país e quase 200 foram detidos. Segundo as Nações Unidas, 15,2 milhões de pessoas precisam de ajuda alimentar e nutricional urgente no país de 54 milhões de pessoas. Mas a ditadura se nega a fornecê-la.
Para além das mortes de trabalhadores humanitários, ele afirmou que a ONU calcula, segundo fontes confiáveis - que não detalhou quais- que ao menos 3.747 pessoas morreram em ações dos militares desde fevereiro de 2021 e outras 23,7 mil foram detidas pelo regime.
Folhapress


Facebook
Google
Twitter