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Internacional

Turquia

- Publicada em 23 de Maio de 2023 às 20:29

Salvos das crises, turcos na Alemanha preferem Erdogan por religião e estabilidade

Ao todo, 3,25 milhões de turcos que moram no exterior podem votar nas eleições, cerca de 5% do eleitorado

Ao todo, 3,25 milhões de turcos que moram no exterior podem votar nas eleições, cerca de 5% do eleitorado


CAN EROK/AFP/JC
Ahmed Demirdogen, 57 anos, é turco e mora há 20 anos na Alemanha. Ele trabalha como segurança de um supermercado em Berlim e diz que votou em Recep Tayyip Erdogan nas eleições do último dia 14 "porque ele fez a Turquia avançar de 0 a 100" - e que vai votar nele de novo no segundo turno, que acontece no próximo domingo (28).
Ahmed Demirdogen, 57 anos, é turco e mora há 20 anos na Alemanha. Ele trabalha como segurança de um supermercado em Berlim e diz que votou em Recep Tayyip Erdogan nas eleições do último dia 14 "porque ele fez a Turquia avançar de 0 a 100" - e que vai votar nele de novo no segundo turno, que acontece no próximo domingo (28).
Conversando com a reportagem por meio de um intérprete, que traduziu do turco para o alemão, Demirdogen diz que enxerga avanços constantes nos índices de emprego na Turquia e que gosta do estilo de liderança de Erdogan. Mas o principal motivo que o faz ir às urnas é que trocar de governo agora seria um grande risco, diz. "Toda grande mudança tem dois lados."
Burak (nome fictício), homem de origem turca na faixa dos 30 anos e que preferiu não ser identificado, trabalha em um restaurante na mesma região e também explica por que prefere Erdogan. "Ele é muçulmano, e eu não voto em quem não é muçulmano". Na verdade, o opositor Kemal Kilicdaroglu também é muçulmano, mas diferente da maioria do país, não é sunita. "Não me interessam as críticas, o que me interessa é que [Erdogan] é forte e faz o que ele diz que vai fazer".
As razões dadas por Demirdogen e Burak - estabilidade e religião -, são os principais motivos identificados por especialistas que estudam a diáspora turca na Alemanha para explicar por que Erdogan tem tanta força entre os turco-alemães.
Ao todo, 3,25 milhões de turcos que moram no exterior podem votar nas eleições, cerca de 5% do eleitorado. Quase metade - 1,5 milhão -, está na Alemanha. Enquanto o primeiro turno acabou com 49% dos votos para Erdogan e 44% para Kilicdaroglu, o resultado teria sido bem diferente se apenas os turco-alemães votassem: o atual presidente teria encerrado a disputa com folga com quase 65% dos votos contra 32% do opositor.
A preferência por Erdogan na Alemanha tem base na identificação com o partido e com o candidato, principalmente em gerações mais antigas, afirma Haci-Halil Uslucan, psicólogo e professor de Estudos Turcos na Universidade de Duisburg-Essen. "Muitos turcos na Alemanha não são afetados pessoalmente nem pela repressão na Turquia nem pela economia fraca do país. Sem esses dois fatores, sobra a identificação com a figura do líder forte e da estabilidade representada por Erdogan."
Uslucan participou de um evento do Centro Alemão de Pesquisas de Integração e Migração (DeZIM), em Berlim, que apresentou nesta terça-feira (23) uma pesquisa sobre as posições políticas da comunidade turca na Alemanha. O estudo entrevistou 738 pessoas de origem turca de março a abril de 2023, e 84% dos entrevistados descreveram a eleição presidencial como importante ou muito importante para a economia e para o sistema político da Turquia.
O mesmo levantamento também apontou que 65% dos participantes se dizem interessados no resultado do pleito, com os outros 35% dizendo não ter interesse na disputa. Dos interessados, 74% tem direito a votar - ou seja, possuem tanto a cidadania turca quanto a alemã.
Além da Alemanha, o forte apoio a Erdogan se repetiu em outros países da Europa Ocidental, como França (64%) e Áustria (71%), um contraste com a larga vantagem de Kilicdaroglu nos EUA (80%), por exemplo. De acordo com o estudo do DeZIM, essa diferença se explica pelo perfil do imigrante.