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Internacional

Rússia

- Publicada em 20 de Março de 2023 às 16:53

Xi desafia EUA, reafirma aliança com a Rússia e discute Ucrânia com Putin

Presidentes da China e da Rússia se trataram como

Presidentes da China e da Rússia se trataram como "queridos amigos" durante encontro informal no Kremlin


SERGEI KARPUKHIN/SPUTNIK/AFP/JC
O líder da China, Xi Jinping, chegou nesta segunda-feira (20) a Moscou para reafirmar sua aliança com a Rússia de Vladimir Putin, o presidente que foi indiciado por crime de guerra na Ucrânia pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) na sexta-feira (17).
O líder da China, Xi Jinping, chegou nesta segunda-feira (20) a Moscou para reafirmar sua aliança com a Rússia de Vladimir Putin, o presidente que foi indiciado por crime de guerra na Ucrânia pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) na sexta-feira (17).
O russo o recebeu no Kremlin para um jantar informal, e no início do encontro, televisionado, voltou a dizer que está "aberto para discutir a proposta" de paz feita por Pequim para solucionar a guerra que começou há mais de um ano. Ambos se trataram como "queridos amigos".
O chinês, por sua vez, afirmou que há "lógica histórica" na aliança com Moscou. "China e Rússia são bons vizinhos e parceiros confiáveis", havia dito antes à agência russa Tass. A visita, disse, permitirá "um novo ímpeto ao desenvolvimento" da aliança entre os países.
É a primeira visita de Xi à Rússia, aliada de Pequim na Guerra Fria 2.0 contra os EUA e seus parceiros ocidentais, em quatro anos. Em 2022, eles se reuniram presencialmente duas vezes. Na primeira, 20 dias antes da invasão da Ucrânia, em fevereiro do ano passado, selaram um acordo de "amizade sem limites" que se expandiu ao longo do ano na forma de um aumento de 48% das importações chinesas de produtos russos ante 2021, a maior parte em petróleo e gás, ajudando a manter a economia do aliado viva sob as sanções ocidentais devido à guerra.
Depois, em setembro do ano passado, eles se encontraram em uma cúpula de países centro-asiáticos. Ali, os relatos iniciais eram de que Xi não estava satisfeito com a continuidade da guerra na Ucrânia, mas na prática o que se viu foi o anúncio de um incremento ainda maior na cooperação militar entre os países, que fazem regularmente patrulhas conjuntas no Pacífico.
O fato é que a China está dobrando sua aposta com Putin, com Xi até fazendo referência às eleições presidenciais russas de 2024 no trecho aberto de seu encontro desta segunda. Por meio de intérprete, disse estar certo de que o russo "tem grande apoio" popular para a disputa - o presidente promoveu mudança constitucional em 2020 que lhe permitirá tentar ficar no Kremlin até 2036, quando terá 83 anos.
Xi é o primeiro líder mundial a estar com Putin desde o indiciamento, ocorrido pela acusação de sequestro de crianças ucranianas. É ato largamente simbólico: nem Rússia, nem China, nem Ucrânia ou mesmo os EUA aceitam a jurisdição da corte. A hipocrisia da posição ocidental foi explicitada pela manifestação do presidente Joe Biden, elogiando a medida como prova da culpa de Putin em um cartório não reconhecido pelo norte-americano.
O tema central da visita de Xi é a Guerra da Ucrânia. Os chineses se equilibram desde a invasão, pedindo a paz e até sugerindo um salomônico acordo com 12 pontos que na prática não resolvem a questão, e se recusando a condenar a Rússia.
O Kremlin, ganhando tempo, disse ver com bons olhos a proposta de mediação chinesa, como de resto fez até com a sugestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de criar um grupo de nações não alinhadas no conflito para discutir a paz. Kiev e o Ocidente rejeitam isso, considerando que a China tem lado - de resto, como os EUA. Politicamente, a visita de Xi é uma vitória para Putin, amplificada pela casualidade do indiciamento penal. 
Já o governo de Kiev espera que o chinês utilize sua "influência" sobre o homólogo russo para "acabar" com a invasão russa da Ucrânia, afirmou o porta-voz da diplomacia ucraniana. A China não condenou publicamente a ofensiva da Rússia, uma postura criticada pelos países ocidentais.