O Congresso do Peru destituiu do cargo nesta quarta-feira (7) o presidente de esquerda Pedro Castillo, horas depois de ele ter tentado dissolver o Parlamento e instaurar, sem sucesso, um golpe de Estado no país. Sem apoio e isolado politicamente, Castillo foi preso duas horas depois de declarar um "governo de emergência". A vice-presidente Dina Boluarte assumiu o cargo. O impeachment foi aprovado com 101 votos a favor, 6 contra e 10 abstenções. Eram necessários 87 votos para a aprovação.
Pedro Castillo, de 53 anos,
ficou na presidência do Peru por menos de dois anos. Eleito em julho de 2021, ele era mais conhecido no país até o pleito por dois episódios: a liderança de uma greve nacional de professores, em 2017, à frente do Conare (Comitê Nacional de Reorientação), principal sindicato de professores rurais do Peru; e a rápida escalada até a primeira posição no primeiro turno da eleição.
À época, Castillo despontou com uma agenda esquerdista, simpática ao chavismo, e de propostas que visavam à refundação do país - entre as quais a criação de uma nova Constituição e o desmonte de instituições, como a Defensoria do Povo, considerada por ele um órgão corrupto. Pelo mesmo motivo, sempre defendeu uma reforma do Judiciário.
Na política, ele estreou em 2002, lançando-se candidato a prefeito de Anguía, povoado na região de Cajamarca. Perdeu e nunca mais se candidatou, até o pleito presidencial há dois anos.
Ainda que se alinhe à esquerda, Castillo tem uma visão conservadora sobre alguns temas. É contra o casamento gay, o direito ao aborto e o que chama de "ideologia de gênero". Porém, sempre defendeu a refundação do Estado e do modelo econômico do país.
Castillo nasceu em Tacabamba, na província de Chota, no norte do país. Quando se lançou à presidência, ainda vivia na cidade, com a mulher e os dois filhos, dando aulas de espanhol e história para adolescentes. Trabalhou no mesmo colégio por 25 anos.