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China

- Publicada em 29 de Novembro de 2022 às 09:29

China controla protestos e passa a abrir inquéritos contra manifestantes

Os protestos já vem sendo considerados os mais importantes do país desde 1989

Os protestos já vem sendo considerados os mais importantes do país desde 1989


JOSH EDELSON / AFP/jc
Folhapress
A repressão da China à maior onda de desobediência civil no país sob a liderança de Xi Jinping parece estar surtindo efeito e diminuindo o ímpeto das manifestações. Autoridades começaram a abrir inquéritos para apurar a participação de cidadãos em protestos, e há um grande contingente de policiais nas ruas das megacidades chinesas, como Pequim e Xangai.
A repressão da China à maior onda de desobediência civil no país sob a liderança de Xi Jinping parece estar surtindo efeito e diminuindo o ímpeto das manifestações. Autoridades começaram a abrir inquéritos para apurar a participação de cidadãos em protestos, e há um grande contingente de policiais nas ruas das megacidades chinesas, como Pequim e Xangai.
Dois manifestantes que participaram dos atos na capital contra a política de Covid zero no final de semana disseram à agência de notícias Reuters que foram intimados a comparecer a delegacias para prestar depoimento sobre suas atividades nas manifestações.
Ainda não estão claras a forma como as autoridades identificaram esses manifestantes nem a possível dimensão jurídica desses inquéritos. O Departamento de Segurança Pública de Pequim não respondeu aos questionamentos da Reuters. Nesta terça-feira (29), um porta-voz da diplomacia chinesa afirmou que o exercício de direitos e liberdades está condicionado à estrutura da lei.
Grandes universidades da China, que concentraram alguns dos principais protestos desde o final de semana, suspenderam as aulas presenciais e mandaram seus alunos para casa. De acordo com a Associated Press, a Universidade Tsinghua, assim como outras instituições em Pequim e na província de Guandong alegaram que a medida se deve a uma estratégia de contenção da alta de casos de Covid-19.
É fato que a curva de novas infecções subiu significativamente nos últimos dias, mas a decisão de mandar os estudantes para casa também é vista como uma tentativa de desmobilizar o ativismo nas universidades, historicamente uma espécie de incubadora de protestos.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, a Universidade Tsinghua foi palco de uma manifestação no domingo (27). Começou com um ato silencioso de uma estudante que levantou um cartaz em branco e, à medida que outros colegas se juntaram à manifestante, reuniu cerca de 400 pessoas. No mesmo dia, o vice-secretário do Comitê do Partido Comunista na universidade foi ao local para encerrar o protesto, que durou pouco mais de duas horas.
Nesta terça, autoridades da instituição voltaram a se reunir com os estudantes para discutir as restrições relacionadas à Covid. Alunos disseram ao jornal South China Morning Post que as medidas sanitárias foram o único tema do encontro, sem menções aos protestos ou indícios de responsabilização dos manifestantes.
O cenário, no entanto, é de insegurança. O aumento do policiamento e a perspectiva de abertura de novos inquéritos reforça a atmosfera hostil a novos protestos, tradicionalmente raros na China. À Reuters, por exemplo, um universitário disse que ele e seus colegas estão deletando todo o histórico de conversas em aplicativos de mensagens.
Devido ao seu alcance territorial -agora para além das fronteiras da China-, a onda de protestos já vem sendo considerada a mais importante do país asiático desde as manifestações de 1989, marcadas pelo massacre da praça da Paz Celestial.
Embora incomuns e rapidamente reprimidos e censurados na China, os atos contra o regime e, especificamente, contra Xi, têm chamado a atenção para Pequim desde a semana que antecedeu o Congresso do Partido Comunista, em que o dirigente foi coroado com um inédito terceiro mandato. Na ocasião, cartazes espalhados em alguns pontos de Pequim chamavam-no de ditador e de traidor.
O regime chinês opta por manter a política de Covid zero, com duras restrições de liberdade e circulação, como sua principal estratégia para conter os efeitos da pandemia -a despeito do impacto econômico e de críticas de entidades como a OMS, cujo diretor-geral classificou as medidas de insustentáveis.
Folhapress
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