Com informações da AFP e Estadão Conteúdo.
Defensora da ofensiva na Ucrânia e filha de aliado próximo de Vladimir Putin morreu em uma explosão de carro nas proximidades de Moscou neste fim de semana. Após o comunicado do Comitê de Investigação da Rússia que anunciou o atentado neste domingo (21), a Ucrânia teme repercussões.
A jornalista e cientista política Daria Duguina é filha de Alexander Duguin, intelectual e escritor ultranacionalista e teórico do neo-eurasianismo, aliança entre Europa e Ásia liderada pela Rússia. Ele está sujeito a sanções da União Europeia desde 2014, após a anexação russa da Crimeia.
Segundo as autoridades russas, Daria dirigia o carro do pai, um Toyota Land Cruiser, perto da cidade de Bolshie Viaziomy, a cerca de 40 km de Moscou, no sábado (20). Os investigadores afirmam que o veículo foi detonado por um artefato explosivo e que tudo indica que "o crime foi planejado e cometido".
Nascida em 1992, a jovem morreu no local da explosão, diz o comunicado. O Comitê está encarregado das investigações criminais na Rússia e abriu uma investigação por homicídio. Pessoas próximas à família citadas por agências de notícias russas afirmam que o alvo do ataque seria Alexander Duguin, já que Daria Duguina teria pego o carro do pai de última hora.
Com isso, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky teme uma possível escalada nos ataques da Rússia à Ucrânia. "Devemos estar conscientes do fato de que esta semana a Rússia pode tentar fazer algo particularmente desagradável", alertou em seu discurso diário, em vídeo, neste domingo.
O país negou responsabilidade pelo atentado. "A Ucrânia não tem conexão com a explosão de ontem porque não somos um Estado criminoso como a Rússia", disse o conselheiro de Zelensky, Mykhailo Podolyak, em entrevista.
Zelensky não deu detalhes sobre o que acredita que Moscou possa planejar, mas chamou atenção para a chance de novos ataques coincidirem com o Dia da Independência da Ucrânia, na quarta-feira (24). Nenhuma celebração oficial é esperada durante o aniversário deste ano.
As tensões entre os países aumentaram em meio a supostos ataques ucranianos à infraestrutura militar na península da Crimeia, controlada pela Rússia. Embora a Ucrânia não tenha assumido oficialmente a responsabilidade pela contra-ofensiva, autoridades ucranianas confirmaram ao Wall Street Journal que Kiev estava por trás dos incidentes.