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Nicarágua

- Publicada em 03 de Fevereiro de 2022 às 20:11

Nicarágua inicia julgamento de fachada de opositores

Repressão do regime de Ortega já matou mais de 300 pessoas

Repressão do regime de Ortega já matou mais de 300 pessoas


DIANA ULLOA/AFP/JC
A Justiça da Nicarágua, alinhada a Daniel Ortega, deu início na quarta-feira (2) aos julgamentos de uma série de presos políticos - alguns dos quais seriam candidatos na eleição de fachada de novembro, da qual presumivelmente saiu vencedor o ditador. A farsa eleitoral passa agora das urnas aos tribunais.
A Justiça da Nicarágua, alinhada a Daniel Ortega, deu início na quarta-feira (2) aos julgamentos de uma série de presos políticos - alguns dos quais seriam candidatos na eleição de fachada de novembro, da qual presumivelmente saiu vencedor o ditador. A farsa eleitoral passa agora das urnas aos tribunais.
Os "julgamentos orais e públicos", como foram definidos, pesam sobre 13 dos atuais 168 presos políticos do regime. Nesta quarta, foram condenados dois jovens que participaram dos protestos de 2018. A forte repressão do regime já matou mais de 300 pessoas.
Yader Parajón e Yaser Vado foram classificados pelo Ministério Público como "criminosos e delinquentes (que) atentaram contra os direitos do povo, comprometendo a paz e a segurança". O primeiro integra a Unidade Nacional Azul e Branca e foi preso em setembro passado ao tentar deixar o país; Vado, detido em novembro, é dissidente da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) e foi acusado de conspiração.
O Centro Nicaraguense dos Direitos Humanos denunciou que o julgamento ocorrido na quarta-feira esteve cheio de irregularidades, como a falta de acesso dos advogados aos detidos e a prisão preventiva tendo se estendido por muito mais do que a lei determina (90 dias). A família dos jovens tampouco teve acesso à sessão.
Nos próximos dias, se sentarão no banco dos réus outros rivais políticos importantes de Ortega e do sandinismo, como a ex-ministra Dora María Téllez e a dissidente Ana Margarita Vijil, entre outros. Seus advogados afirmam que elas estão sendo mantidas isoladas, incomunicáveis, com má alimentação e sem direito a troca de roupa.
Os julgamentos ocorrem no próprio centro de detenção de El Chipote, o que configura outra irregularidade, uma vez que não se usam os estabelecimentos regulares do Judiciário.
Ainda na quarta-feira, a Assembleia Nacional - igualmente controlada pelo regime - cancelou as permissões de operação de cinco universidades, incluindo a Popular Nicaraguense, a Paulo Freire e a Politécnica de Manágua. Também foram suspensos, a pedido do Ministério do Governo (equivalente à Casa Civil), os registros jurídicos de 11 entidades civis ligadas à defesa dos direitos humanos.
Ortega - um dos líderes da Revolução Sandinista, que nos anos 1970 derrubou a dinastia Somoza - tomou posse oficialmente em janeiro para seu 5º mandato. Depois de ser eleito presidente em 1984, ele voltou ao cargo em 2007 pelas urnas e continua no poder desde então, ininterruptamente.
O pleito de novembro não foi reconhecido pela maioria da comunidade internacional, principalmente por causa das detenções, sob acusações de lavagem de dinheiro e traição à pátria, de candidatos opositores. Ortega concorreu contra outros cinco nomes, mas que só entraram na corrida como parte do teatro, já que eram todos aliados. Ao final, obteve 76% dos votos, segundo os resultados oficiais.
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