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Internacional

- Publicada em 23 de Outubro de 2021 às 09:49

Detenções na fronteira dos EUA com o México alcançam maior marca da história

Fiscalização na fronteira se tornou um desafio político para Biden, que tem recebido críticas

Fiscalização na fronteira se tornou um desafio político para Biden, que tem recebido críticas


PEDRO PARDO/AFP/JC
Agentes norte-americanos detiveram mais de 1,7 milhão de migrantes na fronteira dos Estados Unidos com o México durante o ano fiscal de 2021, encerrado em setembro. A cifra é a mais alta já registrada, de acordo com dados do Serviço de Alfândegas e Proteção das Fronteiras (CBP, na sigla em inglês) obtidos pelo jornal The Washington Post.
Agentes norte-americanos detiveram mais de 1,7 milhão de migrantes na fronteira dos Estados Unidos com o México durante o ano fiscal de 2021, encerrado em setembro. A cifra é a mais alta já registrada, de acordo com dados do Serviço de Alfândegas e Proteção das Fronteiras (CBP, na sigla em inglês) obtidos pelo jornal The Washington Post.
As travessias ilegais cresceram no período após a posse do presidente Joe Biden, em janeiro. Os meses com mais detenções, de acordo com os registros, foram julho e agosto - em cada um, mais de 200 mil migrantes foram presos entre os dois países, quando a média mensal em anos anteriores era 50 mil.
Enquanto nos anos fiscais de 2012 e 2020 as detenções na fronteira sul dos EUA foram, em média, de 540 mil imigrantes, o número de 2021 foi mais que o triplo. A principal nacionalidade dos migrantes detidos é mexicana (608 mil). Na sequência, estão os centro-americanos Honduras (309 mil), Guatemala (279 mil) e El Salvador (96 mil) - países que formam o chamado Triângulo Norte.
A fiscalização na fronteira se tornou um desafio político para Biden, que tem recebido críticas tanto de republicanos quanto de seus apoiadores. A decisão do governo democrata de deportar milhares de migrantes haitianos detidos na fronteira em setembro, por exemplo, fez com que o enviado especial dos EUA para o Haiti, Daniel Foote, renunciasse e descrevesse a conduta do governo como desumana.
Em uma audiência do Senado na terça-feira (19) com Chris Magnus, escolhido por Biden para chefiar a patrulha na fronteira, senadores da oposição caracterizaram a situação como uma crise migratória. Magnus, por sua vez, descreveu o cenário como um "desafio significativo" e defendeu a permanência da medida conhecida como Título 42.
Estabelecida pelo ex-presidente Donald Trump em março de 2020 sob o pretexto de frear o avanço da pandemia de Covid-19, a ordem de saúde pública permite a expulsão imediata de pessoas que forem detidas tentando entrar pela fronteira de forma ilegal, sem que elas possam solicitar asilo.
Era esperado que Biden, ao assumir, deixasse de aplicar o Título 42, apontado como a principal alavanca para o salto na quantidade de detenções. Em agosto, porém, o governo do democrata renovou a medida por mais dois meses. Especialistas em migração vêm apontando que ordem leva a tentativas repetidas de travessia, o que, por consequência, acarreta maior número de detenções.
Segundo as informações obtidas pelo The Washington Post, do total de 1,7 milhão de detenções no ano fiscal de 2021, 61% foram feitas sob o guarda-chuva do Título 42. Somente no mês de agosto, por exemplo, foram mais de 93 mil expulsões fundamentadas nessa ordem.
Para Magnus, a insistência na medida, apesar da crise migratória que se agrava, justifica-se porque seria "absolutamente necessário fazer todo o possível para impedir a disseminação da Covid-19". O chefe da patrulha fronteiriça disse, ainda, que apoiaria a vacinação de imigrantes que estão sob custódia federal e a aplicação de testes para o coronavírus no grupo.
Em seu discurso de abertura no Senado, Magnus lembrou que sua própria família é composta por imigrantes: o pai veio da Noruega, e o marido, Terrance Cheung, de Hong Kong. Ele prometeu adotar uma abordagem "pragmática e bipartidária", de acordo com relatos da emissora pública NPR.
A agravada situação na fronteira dos EUA com o México tem sido palco também para cenas, cada vez mais frequentes, de crianças cruzando a divisa sozinhas ou, então, sendo abandonadas por coiotes. Somente no mês de agosto, 18.847 crianças desacompanhadas cruzaram a fronteira, número cinco vezes maior que o registrado no mesmo mês em anos anteriores.
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