O estrategista de extrema-direita Steve Bannon, guru do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e admirado por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Brasil, deve ser acusado de desacato criminal pelo Comitê dos Representantes, responsável por investigar os ataques em janeiro contra o Capitólio, a sede do Congresso norte-americano.
Bannon se recusou a comparecer à audiência que estava marcada para a última quinta-feira (14). Na ocasião, ele alegou estar protegido por privilégios executivos, mesmo sem ocupar qualquer cargo dentro da Casa Branca, atualmente gerida pelo democrata Joe Biden, de quem ele é opositor.
Na quarta-feira passada (13), os advogados do estrategista enviaram uma carta ao Comitê em que afirmava que ele não iria prestar qualquer testemunho ou fornecer documentos enquanto o grupo não chegasse a um acordo com Trump. Na ocasião, a defesa apontou que o assunto diz respeito ao Comitê e o conselho do ex-presidente, e que seu cliente "não está convocado a responder neste momento".
O deputado democrata e presidente do Comitê, Bennie Thompson, acusa Steve Bannon de se "esconder atrás de declarações insuficientes e vagas do ex-presidente Donald Trump".
Após a recusa do guru, a imprensa norte-americana avalia que a punição a ser aplicada a ele servirá como um exemplo de como o Congresso do país responderá a esse tipo de situação e também até que ponto eles pretendem ir para punir os
culpados pela invasão ocorrida em 6 de janeiro.
O Comitê da Câmara averigua se há algum vínculo entre Trump e Bannon nos fatos que levaram até os ataques que tentavam impedir a confirmação da vitória de Biden sobre o republicano. Em seu podcast "War room", o guru da extrema-direita admitiu ter aconselhado Trump a "eliminar o governo Biden ainda no berço, por sua incompetência e ilegitimidade".
Após votação do Comitê, a acusação será encaminhada ao plenário da Câmara, formado por maioria democrata, e deverá ser confirmada. Se culpado, Bannon pode ter que pagar multa, além de enfrentar 12 meses de prisão. Em seguida, o processo segue para o Departamento de Justiça dos EUA, e não tem prazo para ser concluído.