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Peru

- Publicada em 28 de Julho de 2021 às 16:37

Pedro Castillo toma posse no Peru, mas não anuncia composição dos ministérios

Em discurso, Castillo disse que pretende elaborar uma nova Constituição, com paridade de gênero

Em discurso, Castillo disse que pretende elaborar uma nova Constituição, com paridade de gênero


Handout/Peruvian Presidency/AFP/JC
O presidente Pedro Castillo tomou posse no Peru na tarde desta quarta-feira (28), em Lima, sem anunciar quem serão seus ministros. Após vários dias de expectativa, o mandatário decidiu que a cerimônia se resumiria a seu juramento, à recepção dos chefes de Estado estrangeiros e à comemoração dos 200 anos da independência do Peru.
O presidente Pedro Castillo tomou posse no Peru na tarde desta quarta-feira (28), em Lima, sem anunciar quem serão seus ministros. Após vários dias de expectativa, o mandatário decidiu que a cerimônia se resumiria a seu juramento, à recepção dos chefes de Estado estrangeiros e à comemoração dos 200 anos da independência do Peru.
O primeiro-ministro, cujo nome ainda não é conhecido, prestará juramento apenas na quinta-feira (29), numa cerimônia na cidade histórica de Ayacucho. Os ministros só o farão na sexta-feira (30). O Peru adota um sistema presidencialista com elementos do parlamentarismo. Nesse caso, o premiê tem o papel de chefe de gabinete.
A demora da proclamação ministerial se deve a divisões internas dentro do partido governista, Perú Libre. Há uma divisão entre os que querem um ministério com forte presença da agrupação de esquerda e os que se inclinam a um gabinete moderado e com representantes de distintas forças políticas.
Castillo sinalizou que esta segunda opção lhe agrada mais, e que também deseja buscar nomes técnicos para algumas pastas. O presidente de seu partido, Vladimir Cerrón, porém, mantém controle de várias decisões internas e tem uma postura ideológica mais radical, próxima ao chavismo. Cerrón estaria pressionando Castillo para um ministério mais ideológico.
Castillo começou seu discurso fazendo agradecimento aos povos originários e afroperuanos, afirmou que é "um orgulho e uma honra" ter ganho democraticamente a eleição. Também disse que os 200 anos da independência são uma data importante, mas que "a história do Peru vem de muito mais atrás" e que "é uma sequência de dor de vários povos ancestrais e silenciados". Porém, ressaltou que o seu será um "governo do povo para governar para o povo", e que "pela primeira vez o país será governado por um camponês".
Entre seus desafios, o primeiro a que fez referência é a pandemia do coronavírus. "Honraremos a memória dos que morreram e daremos continuidade à vacinação de toda a nossa população no menor tempo possível", afirmou. "Escutaremos e respeitaremos a ciência em todas as decisões. As novas variantes são um desafio que enfrentaremos com os especialistas no assunto".
Afirmou que, na economia, irá respeitar a propriedade privada, mas que o modelo econômico precisa ser repensado. "Não queremos descartar os sucessos do modelo atual, nem vamos expropriar nada, mas precisamos propor mudanças. A economia manterá sua ordem e credibilidade, para que os investimentos continuem vindo. O que queremos é que acabem os abusos e o alto custo dos serviços básicos".
Disse, ainda, que haverá maior ênfase na luta contra a corrupção. "Vemos que há vários ex-presidentes presos ou investigados, mas não vejo nenhum empresário. É preciso investigar a corrupção em todos os seus níveis". Afirmou que os estrangeiros que forem condenados "terão 72 horas para sair do país".
Sobre as Forças Armadas, o novo presidente disse que irão "participar ativamente de novos projetos de desenvolvimento", e que as promoções "serão baseadas na meritocracia e não em amiguismo". Afirmou, ainda, que haverá uma nova Constituição, redigida por uma Assembleia Constituinte eleita pela população, e que terá paridade de gênero.

Francisco Segasti deixa a presidência do Peru com popularidade de 51%

Sagasti ficou apenas oito meses no cargo, mas deu estabilidade a um mandato conturbado

Sagasti ficou apenas oito meses no cargo, mas deu estabilidade a um mandato conturbado


Janine Costa/AFP/JC
A cerimônia de posse começou pela manhã, com uma missa, na qual esteve presente o presidente que deixa o cargo, Francisco Sagasti. Ele depois se encaminhou para o Congresso, onde foi homenageado pelas Forças Armadas e entregou a faixa presidencial para a presidente do Congresso, María del Carmen Alva, do partido Ação Popular (centro-direita).
Sagasti agradeceu os aplausos e saiu do palácio legislativo sorrindo. Diferentemente de mandatários anteriores, ele deixa a presidência com uma popularidade alta para os padrões peruanos, de 51% (segundo o Instituto de Estudos Peruanos).
Tendo ficado no poder apenas oito meses, Sagasti deu estabilidade a um mandato conturbado e conseguiu fechar contratos para a aquisição de mais de 68 milhões de doses de vacinas contra o coronavírus. Um dos países mais impactados pelo vírus na região, o Peru começou a ver seus casos baixarem. Segundo as pesquisas, sua alta popularidade está relacionada principalmente a suas políticas de combate à pandemia.
Todos os passos do evento de posse foram marcados por muita pompa e suntuosidade, por conta da data festiva para a qual os peruanos estavam se preparando havia meses. Em 28 de julho de 1821, o general argentino José de San Martín, após chegar a Lima com seu exército, proclamou a independência do país. A data é feriado nacional.
Estiveram presentes na cerimônia os presidentes Guillermo Lasso (Equador), Iván Duque (Colômbia), Alberto Fernández (Argentina), Sebastián Piñera (Chile), Luis Arce (Bolívia) e o rei Felipe 6º, da Espanha. O Brasil foi representado pelo vice-presidente, Hamilton Mourão.
Castillo venceu o segundo turno das eleições peruanas no último dia 6 de junho, contra a candidata Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, que se encontra preso por crimes de corrupção e crimes contra a humanidade.
Professor de escola primária em Cajamarca, Castillo foi escolhido para representar o Perú Libre depois de a justiça eleitoral impedir seu padrinho político, Vladimir Cerrón, de competir.
Cerrón, ex-governador de Junín, foi condenado por corrupção e escolheu Castillo como cabeça de chapa. Uma das incógnitas deste princípio de gestão é se Cerrón será uma presença importante nas decisões do novo presidente, ou se irá preso devido aos processos de corrupção. Na noite anterior à posse, Cerrón jantou com o ex-presidente boliviano Evo Morales, seu amigo, que também acompanhou a cerimônia, em Lima.