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Internacional

- Publicada em 20 de Novembro de 2020 às 17:42

Multidão protesta com flores em funeral de manifestante morto na Bielorrússia

Milhares de pessoas compareceram ao funeral de Roman Bondarenko em uma igreja em Minsk, capital da Bielorrússia

Milhares de pessoas compareceram ao funeral de Roman Bondarenko em uma igreja em Minsk, capital da Bielorrússia


STRINGER/AFP/JC
A manifestação nesta sexta-feira (20) começou silenciosa, com milhares de pessoas levantando os braços do lado de fora de uma igreja em Minsk, capital da Bielorrússia. Do lado de dentro, ocorria o funeral de Roman Bondarenko, um pintor de 31 anos morto na semana passada depois do que testemunhas dizem ter sido um espancamento por forças de segurança do país.
A manifestação nesta sexta-feira (20) começou silenciosa, com milhares de pessoas levantando os braços do lado de fora de uma igreja em Minsk, capital da Bielorrússia. Do lado de dentro, ocorria o funeral de Roman Bondarenko, um pintor de 31 anos morto na semana passada depois do que testemunhas dizem ter sido um espancamento por forças de segurança do país.
A multidão que compareceu à cerimônia, segurando flores, então rompeu o silêncio e entoou frases como "estou saindo", as últimas palavras que Bondarenko teria escrito, e "vida longa à Bielorrússia".
A morte do pintor se tornou o mais recente ponto crítico dos atos que já duram mais de 100 dias e levaram milhares de pessoas às ruas para protestar contra Aleksandr Lukachenko. O ditador é acusado por opositores de ter manipulado a eleição ocorrida em agosto para estender sua já bastante longa permanência no poder - Lukachenko comanda o país há 26 anos.
O Ministério do Interior, responsável pela segurança da Bielorrússia, nega a responsabilidade pela morte de Bondarenko. A versão oficial das autoridades bielorrussas é de que o ativista estava bêbado e morreu depois de brigar com outros civis.
Nesta semana, porém, um médico do hospital em que Bondarenko foi atendido vazou à imprensa um prontuário que mostra que não havia álcool na corrente sanguínea do ativista. Por colocar em suspeição a causa da morte apontada pelo regime de Lukachenko, o médico foi preso, assim como um jornalista que divulgou o prontuário.
A Procuradoria-Geral da Bielorrússia abriu uma investigação criminal, não para apurar as circunstâncias da morte, mas contra o médico por revelar informações confidenciais, espalhar informações consideradas falsas pelas autoridades e alimentar tensões na sociedade.
Segundo relatos de testemunhas, Bondarenko de fato se envolveu em uma briga na quarta-feira (11) com homens encapuzados que removiam fitas vermelhas e brancas (cores associadas à oposição ao regime de Lukachenko) do pátio de um prédio.
Ele foi detido pela polícia, mas em seguida, foi levado ao hospital com graves lesões cerebrais. A suspeita é que ele tenha sido espancado na prisão, assim como centenas de outros manifestantes que acumulam relatos de agressões e torturas realizadas pelas forças de segurança bielorrussas.
Uma das principais lideranças da oposição, Svetlana Tikhanovskaia, pediu uma investigação internacional sobre o caso. "Como não há direitos nem justiça no nosso país, pedimos ajuda internacional aos países onde prevalecem a democracia e o direito", disse.
Exilada no exterior desde a controversa reeleição de Lukachenko, Svetlana se reuniu com embaixadores da Suécia, Dinamarca, Holanda, Canadá e Irlanda e afirmou em um comunicado que esses países "apoiam a abertura de uma investigação internacional sobre os crimes contra o povo bielorrusso".
Na quinta-feira (19), os ministros das Relações Exteriores dos países-membros da União Europeia concordaram em ampliar as sanções aplicadas à Bielorrússia, para incluir empresários, empresas e entidades.
"Um dia esgotaremos o número de pessoas que poderiam ser sancionadas. E agora temos que passar para questões mais delicadas, que são as sanções às empresas, que afetarão o desenvolvimento da atividade econômica normal", disse Josep Borrell, chefe da diplomacia da UE, acrescentando que a ampliação das sanções representa "uma resposta à brutalidade das autoridades e um apoio aos direitos democráticos dos bielorrussos".
Entre os já sancionados estão o próprio Lukachenko, seu filho Viktor, e 53 membros do regime, incluindo vários ministros e chefes de polícia responsáveis pela repressão aos protestos desde o mês de agosto. Todas estas pessoas estão proibidas de viajar para qualquer um dos 27 países que compõem a União Europeia e os eventuais bens que possuem no território do bloco foram congelados.
Na Organização das Nações Unidas (ONU), especialistas em direitos humanos disseram, nesta quinta-feira (19), que estão seriamente preocupados com o aumento dos relatos de detenções em massa, intimidação e tortura na Bielorrússia. Embora as denúncias pesem contra as próprias autoridades, os especialistas da ONU pediram que o regime investigue o uso excessivo da força e a retaliação ilegal em protestos pacíficos.
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