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Internacional

- Publicada em 07 de Agosto de 2020 às 16:33

Médicos brasileiros levarão pele de tilápia para tratar queimaduras de feridos em explosão no porto do Líbano

Equipe da Universidade Federal do Ceará levará cerca de 30 mil cm² de pele de tilápia para tratar feridos

Equipe da Universidade Federal do Ceará levará cerca de 30 mil cm² de pele de tilápia para tratar feridos


UFC/reprodução/JC
Um grupo de seis médicos sairá do Rio de Janeiro até Beirute, no domingo (9), para auxiliar no tratamento dos mais de 5 mil feridos após a grande explosão na zona portuária da capital libanesa.
Um grupo de seis médicos sairá do Rio de Janeiro até Beirute, no domingo (9), para auxiliar no tratamento dos mais de 5 mil feridos após a grande explosão na zona portuária da capital libanesa.
Além de medicamentos e insumos, a equipe levará cerca de 30 mil cm² de pele de tilápia para tratar os ferimentos causados por queimaduras. O método pioneiro existe no Brasil desde 2014 e foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC), em Fortaleza. O estudo aponta eficácia do método em queimaduras de segundo e terceiro graus e em lesões, agindo como um "curativo biológico" na cicatrização.
De acordo com o cirurgião plástico Edmar Maciel, um dos criadores da técnica, a pele de tilápia é utilizada hoje em pesquisas e no tratamento de queimaduras em sete estados brasileiros, além de países como Colômbia, Estados Unidos, Canadá, Holanda e Portugal.
Nos EUA, por exemplo, o peixe foi usado para tratar ursos feridos em um incêndio na Califórnia, em 2018. Um estudo da Nasa, o programa espacial norte-americano, chegou a utilizar o item para testes em foguetes. "No Brasil, para tratar queimaduras, usamos geralmente um creme com efeito de 24 horas. Todos os dias é preciso trocar o curativo, tirar o creme, enxaguar a área queimada, colocar o creme e fazer um novo curativo", diz Edmar, que preside o Instituto de Apoio ao Queimado. "Acaba sendo muito doloroso."
Já a pele do peixe, em contato com a queimadura durante vários dias, evita as dores que resultam na necessidade de trocar o curativo. Um carregamento com as peles sairá do laboratório da UFC para o Rio e segue com os médicos até Beirute. "A intenção é que o grupo permaneça em território libanês por 15 dias, com apoio do governo local", explica Jorge Derze, subsecretário de Saúde do Rio de Janeiro.
A articulação ocorre por meio da cooperação entre a Associação de Cirurgiões Plásticos de Descendência Libanesa, a prefeitura do Rio de Janeiro e o consulado libanês na cidade. Uma reunião na tarde desta quinta (6) tratou da logística da operação. Os médicos se submeteram ao teste do tipo RT-PCR para detecção da Covid-19 antes de viagem.
Para Jorge Derze, descendente de libaneses, há pressa para que o grupo chegue no local. "Caso o governo federal determine a ida de uma aeronave da Força Aérea para Beirute, a equipe e todo o material deverá seguir no mesmo voo, do contrário, vamos comprar a passagem da equipe amanhã."
Na quarta-feira (5), o presidente Jair Bolsonaro disse que o governo brasileiro fará um "gesto concreto" para ajudar os libaneses. Durante cerimônia no Ministério de Minas e Energia, ele afirmou que está em contato com a comunidade libanesa para que ela indique as necessidades no país. Bolsonaro chegou a considerar possibilidade de ceder um KC-390, o maior cargueiro da FAB, com capacidade de até 26 toneladas a uma velocidade máxima de 470 nós (870 km/h).
À reportagem da Folhapress o cônsul-geral do Líbano no Rio, Alejandro Bitar, exaltou a iniciativa. Na quinta, a bandeira do Líbano foi projetada na estátua do Cristo Redentor. O ato simbólico foi pensado pelo consulado na cidade junto com a comunidade libanesa local, a Arquidiocese, as igrejas ortodoxa, melquita e maronita e as instituições líbano-brasileiras do Rio.
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