O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou que o Congresso dos EUA deveria "se basear nos fatos, não em especulação" e aprovar o acordo entre potências mundiais e o Irã para impedir a fabricação de armas nucleares por Teerã. A decisão foi anunciada na terça-feira, após quase 20 dias de reuniões em Viena, na Áustria, entre Teerã e o grupo P5+1, que reúne seis potências mundiais (EUA, China, Rússia, Reino Unido e França, mais a Alemanha).
"Minha esperança é de que todos vão avaliar o acordo baseados nos fatos, não em politicagem. Um Congresso que atua dessa maneira deveria aprovar o acordo. Mas vivemos em Washington. Não estou apostando no Partido Republicano. Mas, sim, eu espero que o debate seja baseado em fatos, e não em desinformação ou especulação", afirmou. Em coletiva na Casa Branca ontem, Obama afirmou que a eventual recusa do Congresso não garantirá que o sistema de sanções imposto há uma década volte a funcionar e considerou essa possibilidade "terrível".
O Congresso tem 60 dias para analisar o texto. Obama ameaça vetar qualquer resolução contra o pacto. Para derrubar um veto, seria preciso maioria de dois terços nas duas Casas. O acordo foi criticado por republicanos, mas democratas se disseram "cautelosos".
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, chamou o trato de "erro histórico". Obama desqualificou as críticas e disse que a prioridade número 1 era evitar o desenvolvimento de uma arma nuclear pelo Irã, e que esse objetivo foi alcançado.
O presidente ressaltou que o acordo não invalida a autoridade estabelecida pela legislação internacional de intervenção caso o Irã desrespeite o acordo ou outras resoluções. Porém, mostrou-se pouco convencido de que Teerã mudará seu comportamento hostil em relação a Israel.
Representante da oposição israelense vai a Washington para evitar aprovação
O líder da oposição de centro-esquerda de Israel, Isaac Herzog, vai a Washington, nos Estados Unidos, para expor as preocupações de seu país com o acordo sobre o programa nuclear iraniano, fechado na terça-feira. A informação é de seu porta-voz, Ofer Newman.
Esta é a primeira sinalização de que Israel deverá atuar para evitar a aprovação do acordo pelo Congresso norte-americano. "Nós devemos entrar em um diálogo com nosso grande aliado, os EUA", disse Herzog.
Segundo o porta-voz, o político pretende "explicar que o problema está com o acordo e discutir implicações de segurança". No acerto, o Irã se compromete em restringir seu programa nuclear para obter reduções em sanções econômicas internacionais. As restrições têm como objetivo evitar que o país fabrique armas nucleares.
Newman não detalhou quando será a viagem de Herzog nem com quem ele conversará, mas ressaltou que sua principal missão é convencer os parlamentares norte-americanos a votar contra o acordo. Embora faça parte da oposição, o político tem o mesmo interesse do primeiro-ministro do Estado judeu, Benjamin Netanyahu. "Vamos fazer de tudo pela segurança de Israel", disse Herzog, em encontro com o premiê. "Nossa segurança não é uma questão de disputa", justificou.