O governante deposto da Líbia, Muamar Kadafi, de 69 anos, foi morto nesta quinta-feira. A informação foi confirmada pelo primeiro-ministro interino do país do Magreb (Noroeste da África), Mahmoud Jibril.
Kadafi foi morto na sua cidade natal, Sirte, último reduto de seus partidários, no Oeste da Líbia, onde o ex-governante, entrincheirado, resistia aos bombardeios da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e aos ataques das tropas do novo governo líbio. Segundo as informações iniciais, ele foi encontrado em um buraco.
O filho de Kadafi, Mutassim, também foi morto na conquista da cidade pelos insurgentes. O ministro da informação do governo interino da Líbia, Mahmoud Shamman, informou que outro filho de Kadafi, Seif al-Islam Kadafi, foi capturado pelas forças do governo. Segundo ele, Seif está ferido e foi preso em um hospital em Sirte.
Um pouco mais cedo, Jibril informou oficialmente os Estados Unidos sobre a morte de Kadafi. Ainda não está claro se Kadafi foi morto em um bombardeio da Otan ou por combatentes do novo governo líbio durante o assalto final a Sirte.
Ensanguentado, o corpo do “Rei dos Reis da África”, como Kadafi se autodenominou várias vezes, foi jogado na caçamba de uma picape e então levado de Sirte a Misurata, cidade que as forças do ex-governante bombardearam durante meses na guerra civil iniciada em fevereiro com uma revolta popular.
Kadafi foi uma das personalidades mais controvertidas do século passado e início deste século. Nas décadas de 1970 e 1980, patrocinou ataques terroristas, tentou desestabilizar países árabes e africanos vizinhos, além de provocar uma guerra de dois meses contra o Egito, em 1977. Kadafi nacionalizou a indústria petrolífera da Líbia em 1973, quatro anos após assumir o poder em um golpe de Estado que extinguiu a monarquia no país do Magreb. Além disso, melhorou sensivelmente o padrão da vida do povo líbio, que era um dos mais pobres não apenas da região do Mediterrâneo, mas do mundo inteiro até a década de 1970. A crise econômica mundial de 2008, somada à alta nos preços dos alimentos, contudo, minou o padrão de vida dos líbios - muitos dos quais ainda vivem em uma sociedade onde o controle tribal é forte.
A morte de Kadafi tira do cenário uma importante incerteza em torno do setor petrolífero da Líbia e aumenta a esperança de que o país retorne rapidamente aos níveis de produção anteriores à guerra depois de meses de interrupção, afirmam analistas e executivos do setor de petróleo.
Temia-se que com Kadafi à solta, mesmo fora do poder, seus seguidores promovessem uma campanha de insurgência tendo como alvo a infraestrutura petrolífera, o que teria potencial para retardar o retorno à normalidade.
Jibril informou que o anúncio oficial de libertação do país deve ocorrer nesta sexta-feira. Ele também pediu que a vizinha Argélia entregue os membros da família de Kadafi que fugiram para lá em agosto. Dois dos filhos do ex-ditador, sua filha e sua mulher estariam na Argélia.