Em 2024 foi instaurada a lei que define o dia 29 de outubro como o Dia Nacional de Prevenção ao Acidente Vascular Cerebral (AVC). O objetivo é estimular a pesquisa e o desenvolvimento científico para prevenção e tratamento da doença, para identificar os fatores de risco, prevenção e tratamento. No resto do mundo, a data já era marcada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o Dia Mundial do AVC.
No Brasil, o AVC continua sendo uma das principais causas de morte. Em 2025, até o início de outubro, foram registrados 64.471 óbitos pela doença, tirando a vida de um brasileiro a cada seis minutos. Em 2024, foram registrados 85.427 mortes, superando 2023, com 84.931. Os números ressaltam a importância de ampliar o conhecimento sobre a prevenção, sintomas e o tratamento precoce.
Há dois tipos da doença: o AVC isquêmico, que ocorre quando entope uma artéria que leva sangue ao cérebro, ocasionando falta de circulação; e o AVC hemorrágico, quando uma artéria se rompe, causando um sangramento no tecido cerebral. A neurologista Sheila Martins, do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, diz que o isquêmico é o mais comum, representando 85% dos casos, Já o hemorrágico é o mais grave, causando maiores sequelas e sendo mais letal.
Sheila explica que a principal causa da doença é a pressão alta, que vai fragilizando os vasos sanguíneos, podendo ocasionar um dos dois tipos da doença. "A hipertensão é responsável por pelo menos metade dos casos. Diabetes, colesterol elevado, fumo, alimentação inadequada, obesidade, abuso de álcool, depressão, estresse e sedentarismo também são causas que, se forem prevenidos, podem reduzir em até 80% o risco". Nos últimos anos, com o avanço da poluição nas cidades, acabou entrando também na lista de fatores de risco.
Ao sentir qualquer sinal de alerta da doença é recomendado que se ligue para o 192, para que seja encaminhado para um hospital preparado para o atendimento, com uma equipe multidisciplinar e que possui os tratamentos adequados. A neurologista salienta que cada segundo é importante para reduzir as chances de sequela e até de mortalidade.
Sobre o número de mortes pela doença no Brasil, ela diz que o crescimento da população, alinhado com o envelhecimento e o estilo de vida, justifica o aumento das mortes. "A idade é um fator de risco, então aumenta as chances do AVC. As pessoas também estão mais obesas, sedentárias e estressadas, além da nova onda de fumantes que vem crescendo, principalmente, entre os mais jovens. Todos esses fatores justificam esse aumento". Ainda é ressaltado que antigamente a doença era mais frequente nas pessoas acima de 65 anos, hoje em dia é mais comum entre os 45 e 50 anos de idade, devido ao estilo de vida adotado.
Neste contexto, o tema da campanha mundial é 'Cada Minuto Conta', promovida pela World Stroke Organization, que salienta que cada minuto é fundamental para salvar o cérebro. Cada ação conta para que se possa tomar uma atitude rápida e direcionar para o hospital adequado. O objetivo da campanha é deixar claro que quanto mais rápido o atendimento, maiores as chances de recuperação.
Sinais de alerta:
- Perda de força ou dormência, geralmente em parte do corpo;
- Dificuldade para falar ou compreender;
- Dificuldade de enxergar com um ou os dois olhos, ou numa metade de cada olho;
- Tontura;
- Falta de equilíbrio;
- Falta de coordenação;
- Dor de cabeça súbita.