O governo do Rio Grande do Sul anunciou ontem a criação do Centro de Referência Internacional em Estudos Relacionados a Mudanças Climáticas (Criec). A iniciativa, que conta com investimento de R$ 34 milhões provenientes do Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs), prevê a consolidação de medidas de adaptação aos novos desafios climáticos.
De acordo com a secretária estadual de Inovação, Ciência e Tecnologia, Simone Stülp, o centro surge como um dos projetos estruturantes do Plano Rio Grande, programa voltado à reconstrução do Estado após as enchentes de maio de 2024. Seu principal objetivo é fortalecer a elaboração de políticas públicas baseadas em evidências.
"Há uma tendência de termos eventos mais severos e mais recorrentes, então, precisamos usar o que aconteceu em 2024, inclusive para desenhar as nossas construções futuras", afirma a secretária.
A ideia, segundo Simone, é que o Rio Grande do Sul se torne uma referência global no enfrentamento das mudanças climáticas. "Nosso objetivo é que possamos, por meio deste projeto, trocar com outros centros de referência de classe mundial. Assim, poderemos aprender com quem já trilhou o caminho nesse segmento e, ao mesmo tempo, auxiliar outras regiões do mundo", explicou.
Coordenado pela Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia (Sict), o Criec será formado por um Conselho Consultivo, que estabelecerá as diretrizes. O grupo contará ainda com a participação de órgãos governamentais e externos, incluindo a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura, a Defesa Civil, Secretaria da Reconstrução Gaúcha, a Casa Civil, o Gabinete do Governador.
Além disso, haverá representação do Comitê Científico de Adaptação e Resiliência Climática, do Fórum das Instituições Públicas de Ensino Superior do Rio Grande do Sul (Foripes-RS) e o Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung). Também serão formados grupos de trabalho temporários, compostos por profissionais de destaque nas áreas de atuação do programa.
O projeto será dividido em três eixos: governança, pesquisa e mobilidade. O primeiro, respectivamente, contempla a consolidação de um núcleo gestor responsável pelas iniciativas do programa. O segundo está atrelado ao fortalecimento de pesquisas em rede. Já o terceiro prevê possibilidades de intercâmbio para capacitação de servidores públicos estaduais em outros centros de referência.
Dos R$ 34 milhões destinados à iniciativa, R$ 4 milhões serão voltados à mobilidade e capacitação dos servidores. Os outros R$ 30 milhões serão empregados no financiamento de projetos de pesquisa em rede, incluindo ao menos três instituições científicas e tecnológicas (ICTs) e duas empresas ou organizações da sociedade civil.
No edital, anunciado na terça-feira, serão contemplados os temas governança climática e gestão de riscos; educação, capacitação e conscientização; soluções baseadas na natureza e planejamento sustentável; monitoramento, previsão e mapeamento de riscos; e pesquisa, inovação e tecnologias climáticas.
Cada projeto poderá receber de R$ 1 milhão a R$ 3 milhões, com prazo de execução de 22 meses. As propostas serão submetidas até 2 de outubro e o cronograma completo e as demais informações estão disponíveis no site da Fapergs.