O número de pedidos de refúgio no Brasil cresceu 16,3% em um ano. Dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) mostram que em 2024 foram 68.159 solicitações, acima das 58.628 requisições registradas em 2023. Os venezuelanos são os principais solicitantes.
Na última década, a Venezuela vive uma crise política e econômica que intensificou os fluxos migratórios para outros países da América Latina. De acordo com o Observatório das Migrações Internacionais (OBMigra), coordenado pela pasta, no ano passado foram 27.150 pedidos de refúgio de cidadãos da Venezuela.
O aumento no número de pedidos de refúgio no Brasil, segundo especialistas responsáveis pelo relatório, é um reflexo da tendência de retomada dos fluxos migratórios após a pandemia de covid-19, que acabou restringindo a entrada de pessoas no País. No total, o Brasil recebeu pedidos de cidadãos de 130 países. Em 2024, as principais nacionalidades solicitantes de refúgio foram venezuelanos (27.150 pedidos), cubanos (22.288) e angolanos (3.421).
Indianos e Vietnamitas aparecem em seguida, mas os números não foram detalhados. O relatório mostra um aumento expressivo no número de pedidos de refúgio por cubanos: 94,2% em comparação com 2023. Muitos desses cidadãos acessam o País por rotas ilegais de migração e acabam solicitando o refúgio.
Dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) mostram que 73% dos refugiados do mundo vivem em países de baixa e média renda. "Estamos vendo a contribuição a esse bem comum que é a proteção internacional desses países de renda média e baixa", disse Davide Torzilli, representante do Acnur no Brasil.
As informações do OBMigra também mostram as principais nacionalidades que tiveram o direito de refúgio reconhecido no País em 2024: venezuelanos representam 93,1% dos pedidos de refúgio reconhecidos; afegãos representam 2,1% dos pedidos de refúgio reconhecidos; Colômbia e Síria aparecem em seguida, mas sem porcentuais detalhados. O relatório destaca ainda o perfil dos refugiados reconhecidos no País: "No ano de 2024, 41,8% das pessoas reconhecidas como refugiadas eram crianças, adolescentes e jovens com até 18 anos de idade."