De acordo dados da International Data Corporation (IDC) analisados pela Associação Brasileira de Software (ABES), o mercado brasileiro de Tecnologia da Informação (TI) registrou um crescimento de 13,9% em 2024, superando a média global de 10,8%. A ABES também projeta crescimento de 9,5% para o setor em 2025, ultrapassando média global de 8,9%.
O cenário é de crescimento significativo. Segundo o presidente da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação – Regional do Rio Grande do Sul (ASSESPRO-RS), Alexandre Mello, o Estado ocupa uma situação favorável nacionalmente, fruto de um histórico de atuação de empresas, do poder público e das universidades para a criação de um ambiente próspero para a indústria da tecnologia."Nós temos uma indústria crescendo, gerando receita, faturamento, auxiliando o PIB do Estado, e também propiciando renda e sustentabilidade para diversas famílias."
O mercado brasileiro de TI é, no entanto, isolado na região Sudeste, com a maior parte dos profissionais do setor. Para Mello, há uma maior capacidade de renda e investimento nessa região, que acaba atraindo profissionais gaúchos por melhores condições de remuneração - mas é possível aumentar o interesse pela região Sul. "A partir disso, se faz necessária diversas iniciativas de capacitação cada vez maior para que a gente possa atender essa demanda. E as universidades e diversas iniciativas nessa área, não só de caráter universitário, mas também de cursos técnicos, buscam qualificar cada vez mais esses profissionais para atender a demanda cada vez maior."
Para Aline Deparis, CEO e co-fundadora da Privacy Tools, parte das estratégias para manter e atrair trabalhadores da tecnologia para o Estado, passa pelo bom planejamento e infraestrutura das cidades, e pela valorização da qualidade de vida do profissional fora do trabalho. "Vai muito além do bom salário, da boa estrutura da empresa, e sim do todo. Ou seja, se queremos melhorar a qualidade de vida, se a gente quer melhorar o ecossistema de tecnologia. No Rio Grande do Sul, temos que melhorar o estado como um todo, e não especificamente a empresa A ou a empresa B. Precisamos apoiar pessoas que vêm para cá e atender expectativas que vão além do profissional", indica Deparis.
A CEO da Privacy Tools indica também a necessidade de um impulso gaúcho de ousadia no mercado mundial. "Nascemos com uma mentalidade, muitas vezes, direcionada para atender o nosso mercado, o Brasil. Quando, na verdade, a gente pode atender o globo. Acabamos nos tornando, eventualmente, pouco audaciosos em buscar esses novos mercados, em mostrar que, sim, nós temos soluções inovadoras, nós entregamos valor quando a gente desenvolve tecnologia aqui no Rio Grande do Sul", explica Deparis.
Nesse sentido, o presidente da ASSESPRO-RS indica que é essencial os incentivos e a valorização da área por parte do poder público, para que seja possível manter expandir o trabalho das empresas. Atraindo assim talentos, interesse e recursos para o Estado, a amplicando o protagonismo gaúcho no setor.
"Cada vez mais a tecnologia faz parte de tudo o que a gente faz na vida. A participação da tecnologia no PIB do Estado cada vez aumenta mais e, portanto, merece um tratamento mais adequado no sentido da retenção e manutenção, não só dos talentos, mas também das próprias empresas, para que a gente tenha um ambiente de negócios mais favorável, um regime de custos, um regime tributário mais adequado para a indústria da tecnologia", indica Mello.
Crescer o mercado da tecnologia no Estado é uma construção que não acontece do dia para a noite. E segundo Aline Deparis, só poderá acontecer com o engajamento conjunto. "É uma união entre empresários, entre as entidades de classe, entre o governo, para que todo mundo possa efetivamente desenhar qual é o propósito, qual é o nosso objetivo, onde é que queremos chegar e trabalhar juntos", explica Deparis, " Senão não vai acontecer. E evidentemente, não é um projeto que tenha começo, meio e fim. Se queremos desenvolver um ambiente propício para que outras empresas venham, para que outros profissionais venham, é um projeto contínuo".