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Publicada em 15 de Maio de 2025 às 18:42

Plataforma para pedido de medida protetiva on-line no Rio Grande do Sul tem mais de 700 solicitações

Dos 701 pedidos feitos nas três primeiras semanas, 580 já foram deferidos

Dos 701 pedidos feitos nas três primeiras semanas, 580 já foram deferidos

LUIZA PRADO/JC
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Gabriel Margonar
Gabriel Margonar
Lançada em caráter emergencial após um feriado prolongado de Páscoa e Tiradentes marcado por dez feminicídios no Rio Grande do Sul, a nova funcionalidade da Delegacia Online, que permite o pedido de medidas protetivas pela internet, completa três semanas de operação nesta quinta-feira (15). Desde que entrou no ar, em 24 de abril, a ferramenta já registrou 701 solicitações em todo o Estado. Integrada à plataforma DOL Mulher, a novidade busca facilitar o acesso à proteção para vítimas de violência doméstica, especialmente aquelas que enfrentam medo, vergonha ou dificuldades para se deslocar até uma delegacia.Segundo a Polícia Civil, em alguns casos, as medidas foram concedidas em menos de quatro horas após o pedido. Das 701 solicitações, 580 já foram deferidas. Para a diretora do Departamento Estadual de Proteção a Grupos Vulneráveis (DPGV), Tatiana Bastos, a nova funcionalidade tem potencial para ampliar o primeiro contato das vítimas com a rede de proteção. “É uma ótima alternativa, com agilidade, sem precisar ir até uma delegacia, o que é importante principalmente nos municípios onde não há atendimento especializado”, afirma.
Lançada em caráter emergencial após um feriado prolongado de Páscoa e Tiradentes marcado por dez feminicídios no Rio Grande do Sul, a nova funcionalidade da Delegacia Online, que permite o pedido de medidas protetivas pela internet, completa três semanas de operação nesta quinta-feira (15). Desde que entrou no ar, em 24 de abril, a ferramenta já registrou 701 solicitações em todo o Estado. Integrada à plataforma DOL Mulher, a novidade busca facilitar o acesso à proteção para vítimas de violência doméstica, especialmente aquelas que enfrentam medo, vergonha ou dificuldades para se deslocar até uma delegacia.

Segundo a Polícia Civil, em alguns casos, as medidas foram concedidas em menos de quatro horas após o pedido. Das 701 solicitações, 580 já foram deferidas. Para a diretora do Departamento Estadual de Proteção a Grupos Vulneráveis (DPGV), Tatiana Bastos, a nova funcionalidade tem potencial para ampliar o primeiro contato das vítimas com a rede de proteção. “É uma ótima alternativa, com agilidade, sem precisar ir até uma delegacia, o que é importante principalmente nos municípios onde não há atendimento especializado”, afirma.
A funcionalidade permite que a vítima relate os fatos, preencha um formulário de avaliação de risco (Fonar) e anexe documentos, áudios ou outros materiais que reforcem o pedido. O sistema identifica os casos de violência contra a mulher como prioridade máxima, o que faz com que eles passem à frente de outros registros na fila de homologação. Após a triagem, o pedido é encaminhado diretamente ao plantão da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), que dá sequência à tramitação com o Judiciário.
Apesar da possibilidade de solicitar medida protetiva mesmo em casos de lesão corporal, Tatiana ressalta a importância de procurar uma delegacia física nesses casos, para que seja possível realizar exame de corpo de delito e preservar a prova da agressão. “Se a vítima narrar uma lesão, mas não for até a delegacia, pode acabar perdendo a materialidade quando os vestígios desaparecem”, alerta.
A plataforma é indicada especialmente para situações em que há violência moral, psicológica, ameaças, perseguições e outros tipos de abuso que nem sempre deixam marcas físicas. Casos em que a mulher está sob ameaça, mas ainda não sofreu agressão física, podem ser atendidos integralmente pela via digital, de acordo com a Polícia Civil gaúcha.
Porém, nos primeiros dias de operação, também foram registrados alguns trotes. Para evitar falsas comunicações, os pedidos são analisados para verificar se há informações básicas necessárias — como os dados do agressor — antes de serem encaminhados à Justiça. A medida protetiva online pode ser solicitada por qualquer pessoa com acesso à internet, em qualquer município do Estado.

Demanda exige estrutura

Embora os primeiros números sejam considerados positivos, o funcionamento da nova ferramenta depende da estrutura disponível para o atendimento dos casos. A Delegacia Online tem alta demanda e sofre com defasagem de servidores, o que exige reforço constante das equipes. “Estamos nos estruturando. Se continuarmos realmente com essa adesão muito grande, vamos precisar de um aporte maior de servidores”, admite Tatiana.
O governo estadual não soube divulgar o perfil das vítimas que utilizaram a plataforma, nem dados detalhados sobre os tipos de violência mais relatados. As informações disponíveis são em números absolutos, e ainda não há relatório consolidado com a análise qualitativa dos casos.
O lançamento da funcionalidade foi antecipado após um fim de semana prolongado que deixou dez mulheres mortas no Estado, todas sem medida protetiva em vigor. Em 2025, o Rio Grande do Sul já contabiliza 27 feminicídios — 93% deles sem qualquer proteção judicial prévia. A subnotificação continua sendo o maior desafio para o enfrentamento da violência doméstica.
 

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