Mesmo afetado pela histórica enchente de maio, o consulado-geral da Itália no Rio Grande do Sul registrou resultados expressivos em 2024, emitindo 14.238 passaportes e concedendo 6.464 cidadanias – um aumento de 60% em relação ao ano anterior e o maior marco na história. O cônsul-geral Valerio Caruso, em entrevista ao Jornal do Comércio, destacou que, agora, o principal objetivo para 2025 é a troca de sede do consulado, essencial para atender à crescente demanda da comunidade italiana no Estado. Ele também abordou temas como as relações bilaterais, o relançamento da Câmara de Comércio e a possível criação de uma rota aérea direta entre a Itália e o Rio Grande do Sul.
Jornal do Comércio - O aumento no volume de atendimentos é notável. A o que se deve isso?
Caruso - Desde que assumi, investimos significativamente em melhorias nessa área e agora estamos colhendo os frutos. No último ano, mesmo com o consulado fechado por um mês devido à enchente, houve um aumento de 350% na emissão de passaportes, passando de 4 mil para 13.550 documentos emitidos. Em 2025, esperamos avançar ainda mais e, para isso, planejamos mudar a sede do consulado para um local mais adequado ao crescimento da nossa comunidade, que aumenta cerca de 7% ao ano. Não posso dizer aonde, mas a nova sede será anunciada em breve.
JC - A evolução tecnológica tem ajudado nesse processo?
Caruso - Com certeza, mas ainda podemos avançar ainda mais nesse sentido. Implementamos um call center para orientar os cidadãos e um totem no consulado que agiliza os atendimentos. Hoje, com tudo que podemos agilizar a distancia, é possível obter o passaporte em dez minutos no consulado. São avanços que melhoraram a experiência dos cidadãos.
JC - E como é a responsabilidade de atender a uma comunidade tão grande?
Caruso - É um grande orgulho, na verdade. Nossa comunidade está acostumada com desafios, e isso se reflete na atuação do consulado. Hoje, temos um sistema funcional, que consegue atender os quase 130 mil cidadãos italianos que vivem aqui, no estado mais italiano do mundo fora da Itália. Portanto, ser cônsul-geral, neste contexto, é como ser prefeito de uma cidade de médio porte, com diversas responsabilidades.
Caruso - É um grande orgulho, na verdade. Nossa comunidade está acostumada com desafios, e isso se reflete na atuação do consulado. Hoje, temos um sistema funcional, que consegue atender os quase 130 mil cidadãos italianos que vivem aqui, no estado mais italiano do mundo fora da Itália. Portanto, ser cônsul-geral, neste contexto, é como ser prefeito de uma cidade de médio porte, com diversas responsabilidades.
JC - Como foi lidar com a enchente de maio de 2024?
Caruso - Foi o maior desafio da minha vida. Tivemos o consulado fechado por mais de um mês, atuando apenas em situações de emergência. Lembro que recebemos chamadas de italianos ilhados e turistas que não conseguiam voltar. Fomos um canal de assistência humanitária. A chegada do avião humanitário da Itália foi muito emocionante e marcou a cooperação entre os dois países. Depois de 30 dias inativos, percebemos o tamanho da importância do nosso trabalho para a comunidade.
JC - De que forma você avalia a relação entre a Itália e o Rio Grande do Sul atualmente?
Caruso - Muito positiva, e é assim historicamente. Vejo um grande interesse do atual governo gaúcho em estreitar laços com a Itália. Há um potencial enorme para investimentos bilaterais. Relançamos a Câmara de Comércio italiana no Estado, por exemplo, o que fortalece nossa diplomacia comercial e atrairá ainda mais investimentos.
Caruso - Muito positiva, e é assim historicamente. Vejo um grande interesse do atual governo gaúcho em estreitar laços com a Itália. Há um potencial enorme para investimentos bilaterais. Relançamos a Câmara de Comércio italiana no Estado, por exemplo, o que fortalece nossa diplomacia comercial e atrairá ainda mais investimentos.
JC - E a relação com as universidades gaúchas?
Caruso - Temos uma ótima relação com todas as principais instituições. Mas acredito que podemos fazer ainda mais parcerias, especialmente em programas que promovam o estudo da língua italiana e intercâmbios. A Itália precisa de jovens em áreas como medicina e enfermagem, e encorajo os gaúchos a terem experiências lá. Isso amplia horizontes e traz benefícios tanto para quem volta quanto para quem opta por seguir morando no exterior.
JC - Você citou alguns objetivo ao longo da entrevista. Quais seriam os principais?
Caruso - Objetivamente: abrir a nova sede do consulado, continuar promovendo a língua e a cultura italiana e estabelecer uma rota aérea direta entre a Itália e o Rio Grande do Sul - mas isso, é claro, não depende de mim. São passos que vejo como cruciais para fortalecer ainda mais nossos laços com o Estado.