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Publicada em 12 de Agosto de 2024 às 12:49

Entenda por que os centros humanitários de acolhimento têm baixa taxa de ocupação

Centro Humanitário de Acolhimento Recomeço foi o primeiro inaugurado no Estado

Centro Humanitário de Acolhimento Recomeço foi o primeiro inaugurado no Estado

TÂNIA MEINERZ/JC
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Arthur Reckziegel
Arthur Reckziegel Repórter
Os Centros de Acolhimento Humanitário (CHA) foram inaugurados pelo Governo de Estado em parceria com o Sistema Fecomércio/Sesc/Senac e a Agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para as Migrações (OIM) com o intuito de oferecer uma alternativa temporária de moradia a quem perdeu sua casa durante as enchentes de maio. 
Os Centros de Acolhimento Humanitário (CHA) foram inaugurados pelo Governo de Estado em parceria com o Sistema Fecomércio/Sesc/Senac e a Agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para as Migrações (OIM) com o intuito de oferecer uma alternativa temporária de moradia a quem perdeu sua casa durante as enchentes de maio. 
O Rio Grande do Sul conta com três centros de acolhimento até o momento. O Centro Vida em Porto Alegre e os centros Recomeço e Esperança na cidade de Canoas. Somados, os três locais têm capacidade para receber 2.311 pessoas. Porém a taxa média de ocupação dessas estruturas é de, em torno de, 41%.

Por que há pouca procura?  

Nos últimos 15 anos, a jornalista com mestrado em gestão ambiental Fernanda Baumhardt dedicou-se, essencialmente, ao trabalho humanitário em comunidades devastadas por desastres, como terremotos e inundações. 
De acordo com ela, a falta de diálogo foi, possivelmente, o que ocasionou essa situação. "Fico me questionando se houve uma iniciativa do poder público e das agências humanitárias para escutar as demandas das pessoas afetadas antes de construir esses espaços", indaga. 
Além disso, Fernanda cita um possível medo dessas famílias de contrariarem essas agências e sofrerem algum tipo de prejuízo. Para ela, isso impossibilitaria um diálogo franco entre as partes envolvidas. 
"Vendo de fora é possível ver que esses centros receberam muito investimento. Entretanto, o que me dói é que ainda sim, muitas pessoas  não tiveram uma solução para seu problema. Acredito que isso prova o meu ponto de que faltou conversa", descreve a humanista.
A especialista ainda diz que esse problema atinge diversas esferas. Por exemplo, na questão de alimentação. "Se o local abrigaria 800 pessoas e, na verdade, recebe metade disso, o que acontece com a comida que foi calculada no início, fica sobrando? Como é feita essa logística?"  

Qual a porcentagem de ocupação? 

As informações foram disponibilizadas pela  Organização Internacional para as Migrações que faz parte do Sistema das Nações Unidas e é responsável pela gestão dos centros. 
Centro Humanitário de Acolhimento Recomeço
123 unidades habitacionais (UH)
Capacidade: 615 pessoas
Nível de ocupação das UHs
Ocupado: 62%
Subutilizada: 28%
Disponível: 10%
Centro Humanitário de Acolhimento Vida

411 habitações
Capacidade: 848 pessoas
Ocupação das habitações
Ocupado: 37%
Disponível: 62%
Centro Humanitário de Acolhimento Esperança

411 habitações
Capacidade: 848 pessoas
Ocupação das habitações
Ocupado: 25%
Disponível: 75%
 

O que diz a prefeitura de Porto Alegre?

 
A Prefeitura de Porto Alegre, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, informa que a ocupação do Centro Humanitário de Acolhimento (CHA) é tema de diálogo permanente com a Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado.

A prefeitura seguirá encaminhando para o local as menos de 200 pessoas que continuam em 4 abrigos temporários e que têm perfil para o CHA, desde que estes abrigados concordem.

Existem ainda cerca de 200 pessoas em abrigos de nicho contratados pela Fasc, como população de rua, idosos sem autonomia e pessoas com necessidades especiais de saúde. Estes indivíduos precisam de locais com acompanhamento especializado, portanto, sem perfil para o CHA.

Sobre a baixa ocupação do local
O programa Estadia Solidária, parceria da prefeitura com o governo do Estado, ajudou muitas pessoas a saírem direto de abrigos para outros locais, motivo pelo qual reduziu a expectativa de ocupação do Centro Humanitário localizado na Zona Norte.

Em outra estratégia, a prefeitura irá oferecer as instalações do CHA para famílias em outras situações, como as que estão acampadas na BR 290.

Perfil
• Pessoas que estão nos abrigos emergenciais cadastrados;
• Perfis de vulnerabilidade mapeados pela assistência social;
• Casas destruídas (sem possibilidade de retorno);
• Casas em áreas de risco;
• Indivíduos sem outro auxílio ou projeto governamental;
• Indivíduos que residem nas proximidades dos centros.

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