De Capão da Canoa
Chuvas torrenciais e persistentes mudaram o cenário do Litoral Norte no sábado e domingo, na comparação com a semana passada. O movimento intenso de veículos e os comércios e calçadas cheios de gente, entre a segunda e a sexta-feira, contrastaram com ruas e avenidas vazias no fim de semana.
Com as vias alagadas em Capão da Canoa, quem precisou sair às ruas teve de se equilibrar com sombrinhas e guarda-chuvas enquanto tentava cruzar a água que corria forte junto ao meio-fio ou mesmo sobre as calçadas.
A chuva que começou no sábado, intercalando períodos secos, seguiu pela madrugada. Bares, restaurantes, padarias e cafeterias tiveram movimento quase nulo. E as tele-entregas avisavam que a demora para entrega de pedidos poderia chegar a quase três horas.
No domingo, o aguaceiro não deu trégua. O dia cinzento anoiteceu mais cedo. E poucos carros eram vistos trafegando. Em alguns trechos, onde verdadeiros riachos ou lagos se formaram – o que não é novidade para quem conhece o município –, motoristas em veículos mais baixos optaram por não arriscar e retornaram em marcha-a-ré. Outros, mais altos, convergiam em locais proibidos para escapar da correnteza.
Pelos prédios, janelas com luzes acesas confirmavam que muita gente saiu de seus municípios de moradia ao longo do ano para se acomodar onde as enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul ainda não chegaram, ainda. E já há goteiras invadindo apartamentos cujos telhados não dão conta do volume de precipitação. Rodos e panos de chão pelos saguões são recursos para evitar escorregões e acidentes.
Em meio a um ambiente silencioso, o que também contrasta com o ritmo frenético da região central de Capão da Canoa, as expressões de quem circula pela cidade desde segunda-feira são fechadas, consternadas. O tema das enchentes permeia conversas por todos os lados, assim como iniciativas de diferentes grupos que arrecadam doações e organizam acolhimento a quem chega buscando algum amparo.
A reconstrução das famílias e do Estado levará tempo. Mas esse ainda é um segundo momento. Por enquanto, a tarefa ainda é salvar, abrigar, auxiliar e proteger quem for possível. É mostrar solidariedade e empatia. Principalmente para quem não está sofrendo com o horror dos últimos dias.