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Publicada em 16 de Abril de 2024 às 13:13

Vereadores de Porto Alegre debatem riscos do cigarro eletrônico

Disseminação do uso dos "vapes" tem gerado preocupação com os riscos para a saúde

Disseminação do uso dos "vapes" tem gerado preocupação com os riscos para a saúde

Ederson Nunes/CMPA/JC
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Agências
A Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal de Porto Alegre se reuniu na manhã desta terça-feira (16) para debater os riscos do uso do cigarro eletrônico. A reunião foi proposta pela vereadora Mônica Leal (PP) e conduzida pela presidente da comissão, vereadora Lourdes Sprenger (MDB).
A Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal de Porto Alegre se reuniu na manhã desta terça-feira (16) para debater os riscos do uso do cigarro eletrônico. A reunião foi proposta pela vereadora Mônica Leal (PP) e conduzida pela presidente da comissão, vereadora Lourdes Sprenger (MDB).
"O (cigarro eletrônico) tem sido uma preocupação para a área da saúde nos últimos anos. Apesar dos já conhecidos danos que representa, tem conquistado usuários, especialmente jovens”, destacou Mônica Leal. “O maior problema é que as pessoas não entendem a gravidade do assunto. (Os vapes) estão extremamente popularizados como uma alternativa ao cigarro, mas podem ser tão ou mais prejudiciais”, ressaltou a vereadora.

O presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Marcos Rovinski, chamou a situação de “praga”. “É um problema novo que não está resolvendo o antigo, que era o uso do tabaco”, apontou. Rovinski salientou que o cigarro eletrônico traz os mesmos problemas do cigarro não-eletrônico e o seu uso pode provocar doenças respiratórias e cardiovasculares e dependência química, além de afetar o sistema imunológico e a saúde bucal.

Rovinski cobrou uma “tomada de uma posição política séria sobre o assunto”. Ele destacou que o uso de tabaco saiu da faixa de 30% da população para cerca de 9% a partir de campanhas de conscientização e defendeu a proibição do cigarro eletrônico em lugares fechados.

A presidente da Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do RS, Manuela Cavalcanti, explicou que o cigarro eletrônico provoca menor irritação na garganta, o que permite o consumo de altas doses de nicotina, potencialmente aumentando a dependência.

A médica disse que não há evidências científicas conclusivas de pesquisas independentes de que o cigarro eletrônico cause redução de riscos em relação ao cigarro tradicional e ressaltou que há diversas doenças pulmonares associadas ao vape, destacando a Evali, lesão pulmonar causada pelo dispositivo. O cigarro eletrônico também pode provocar infarto e AVC. “Há risco para todo o organismo”, disse. “Não podemos ser coniventes com essa situação”, afirmou, defendendo que seja coibido o uso dos vapes em espaços públicos.

Fabíola Perin, presidente da Sociedade de Cirurgia Torácica do RS, destacou que o cigarro eletrônico vem "travestido de inofensivo” e que, Apesar da roupagem benéfica, o dispositivo não serve para parar de fumar. “Deve ser terminantemente proibido o uso em escolas e em ambientes públicos, assim como foi com o cigarro tradicional”.

O médico psiquiatra especialista em dependência química Angelo Campana disse que a indústria do tabagismo contra-atacou com uma nova droga, o cigarro eletrônico. Segundo ele, o vape tem maior aceitação social, pois não provoca o mesmo cheiro do cigarro tradicional. “A concentração de nicotina é muito alta”, alertou. “É quase como se tivessem inventado o crack do tabagismo”, disse.

Paula Frota, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Odontologia da UFRGS, disse que o dispositivo aumenta consideravelmente o risco de câncer na boca, pois o aquecimento é muito maior do que a fumaça do cigarro tradicional, e também pode provocar outras doenças bucais, além de problemas ainda não conhecidos.

Marcelo Coelho da Silva, representante da Unidade de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), destacou que há legislação em vigor na Capital proibindo o uso de cigarro eletrônico em recintos coletivos, mas ressaltou que não há condições de fiscalizar todos os espaços, e defendeu que o problema seja enfrentado com campanhas educativas.

Ele apresentou aos vereadores um vape produzido com a roupagem de bombinha de asma e outro que imita um relógio eletrônico de pulso. “Quero deixar claro o poder de sedução que esses produtos têm. Qual jovem não gostaria de usar um relógio eletrônico que também é cigarro eletrônico?”.

Encaminhamentos

A vereadora Mônica Leal apresentou três encaminhamentos. Ela sugeriu que a Cosmam envie um ofício direcionado aos secretários de Segurança do Estado e do município e ao chefe da Polícia Civil com um pedido de ação conjunta das forças de segurança para coibir o dispositivo. Também disse que irá propor uma alteração legislativa para aumentar o valor da multa pelo descumprimento da legislação anti-tabaco. A vereadora afirmou ainda que irá solicitar que a prefeitura elabore uma campanha de conscientização sobre os riscos do cigarro eletrônico.

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