Mulheres Pretas e pardas dedicam mais tempo aos afazeres domésticos, cuidados de pessoas, têm menos participação no mercado de trabalho e ocupam menor número de cargos políticos, em comparação com mulheres brancas no Rio Grande do Sul. A situação, mostrada pelo estudo Estatísticas de Gênero: Indicadores sociais das mulheres no Brasil, do IBGE, também mostra, a nível nacional, que elas têm maior propensão a serem vítimas de homicídios contra mulheres praticado fora do domicílio ou de algum outro tipo de violência.
O estudo se encontra em sua terceira edição, e foi publicado nesta sexta-feira (8), Dia Internacional da Mulher. Ele abrange temas como empoderamento econômico, educação, saúde e serviços relacionados, vida pública e tomada de decisão e direitos humanos das mulheres e das meninas. A pesquisa utilizou um recorte temporal que abrange, em sua maioria, dados de 2022.
Trabalho e cargos políticos
A série histórica separada por cor ou raça mostra o tempo semanal que mulheres pretas ou pardas delegavam aos afazeres domésticos não remunerados ou cuidado de pessoas: 19,1 horas semanais, o que é 2,3 horas a menos que em 2016. Mesmo com a diminuição, número ainda representa cerca de 7,6 horas a mais que homens. Comparando-se mulheres pretas ou pardas a mulheres brancas, o resultado em 2022 foi próximo, com uma diferença foi de 0,2 horas a mais para o primeiro grupo no Rio Grande do Sul.
Em um recorte somente de gênero no Estado, o trabalho doméstico chega a 16,1 horas, superando em 51,6% o dos homens, ou 5,5 horas a mais. Esse tempo, para mulheres, foi reduzido em 2 horas semanais desde 2016, enquanto o dos homens se manteve em patamar semelhante.
Mulheres historicamente apresentam taxas de desocupação mais elevadas que homens. Porém, informa o IBGE, ao cruzar o fatores relacionados ao sexo com cor ou raça, observa-se que o segundo fator impacta mais a taxa do que o primeiro. A desocupação das mulheres brancas no RS chega a ficar menor do que a dos homens pretos ou pardos na maior parte da série histórica.
Em 2022, as taxas, da maior para a menor, foram de: 11,0% para as das mulheres pretas ou pardas, 8,1% para os homens pretos ou pardos, 7,1% para as mulheres brancas e 4,4% para os homens brancos.
A pesquisa também mostrou que mulheres no Rio Grande do Sul ocupam cerca de 38% dos cargos gerenciais, abaixo da média nacional de 39%. Junto a isso, salário também representa 62% do rendimento dos homens no mesmo tipo de posição.
No campo da política, em um recorte exclusivamente de gênero, mulheres são a maioria do eleitorado rio-grandense, representando 53% do público eleitor. Porém, representam, em 2023, somente 22,3% das cadeiras da Câmara dos Deputados. Para vereadores, essa porcentagem de ocupação desce para 19,2%. No poder executivo, desde a última eleição municipal, o número desce para somente 7,7% das prefeituras gaúchas sendo comandas por mulheres.
Dados nacionais de segurança
Já a última edição da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), de 2019, utilizada nesse estudo, também mostrou, de forma nacional, que mulheres pretas e pardas possuem maior propensão a ser vítimas de homicídios praticados fora do domicílio, além de maior percentual de pessoas em situação de pobreza.
A taxa de homicídios dolosos contra mulheres a cada 100 mil habitantes era de 1,4 para mulheres brancas, enquanto para mulheres pretas ou pardas o valor era 3,1. Em números absolutos, em 2021, fora do domicílio, foram registrados 681 homicídios dolosos de mulheres brancas e 1.835 de pretas ou pardas.
O documento também contabilizou mulheres de 18 anos ou mais que sofreram violência psicológica, física ou sexual nos últimos 12 meses em todo o país, e cuja forma mais grave foi praticada por um parceiro íntimo atual ou anterior, com base na PNS. Número total chegou à 6% das mulheres. Utilizando-se de um recorte por cor, também verifica-se maior propensão do problema à mulheres pretas ou pardas do que brancas. Enquanto o primeiro grupo apresentou 5,7 pontos percentuais, o segundo teve 6,3.