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Publicada em 18 de Novembro de 2023 às 10:02

Granizo e vendavais espalham estragos no Rio Grande do Sul

Regiões dos vales do Caí e do Taquari e da Serra gaúcha registraram ocorrência de pedras de gelo

Regiões dos vales do Caí e do Taquari e da Serra gaúcha registraram ocorrência de pedras de gelo

Reprodução MetSul Meteorologia/JC
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Tempestades severas com granizo e vento atingiram na noite desta sexta-feira (17) e início deste sábado (18) cidades dos vales do Caí e do Taquari e da Serra gaúcha. Conforme informações da MetSul Meteorologia, granizo caiu em diversos municípios dessas regiões. As pedras de gelo em alguns pontos tiveram grande tamanho.
Tempestades severas com granizo e vento atingiram na noite desta sexta-feira (17) e início deste sábado (18) cidades dos vales do Caí e do Taquari e da Serra gaúcha. Conforme informações da MetSul Meteorologia, granizo caiu em diversos municípios dessas regiões. As pedras de gelo em alguns pontos tiveram grande tamanho.
O fenômeno foi registrado em municípios dos vales como Lajeado, Westfália, Roca Sales, Progresso e Bom Princípio. Em Bom Princípio, o granizo foi de médio a grande tamanho em diversos pontos da cidade. Na sequência, os temporais de granizo se deslocaram para a Serra com registro também de pedras de grande tamanho em diversas localidades, como no município de Flores da Cunha. A chuva forte com granizo veio ainda acompanhada de muitos raios.
De acordo com o portal Leouve, o temporal que atingiu a região da Serra nas últimas horas deixou diversos estragos. As áreas mais afetadas foram as cidades de Bento Gonçalves e São Vendelino. Em São Vendelino, a chuva foi intensa e causou alagamentos. A Defesa Civil municipal chegou a orientar a população para que não saísse de casa. Em Bento Gonçalves, no Vale dos Vinhedos, o temporal derrubou uma árvore, deixando o trânsito em meia pista nas proximidades do SPA do Vinho.
A BR-470 foi totalmente bloqueada no quilômetro 233, em Carlos Barbosa com risco de desmoronamentos. Na ERS-444, havia árvores e pedras na pista no trecho que liga Bento Gonçalves a Santa Teresa. Em Farroupilha, o Corpo de Bombeiros atendeu ocorrência de destelhamento e alagamento no bairro América. Em Caxias do Sul, a queda de telhado de galpão de rodeio em Vila Oliva, onde ocorria uma festa campeira, deixou uma pessoa ferida. A vítima foi atendida pelo Corpo de Bombeiros e a Samu. Alguns veículos tiveram danos.
Houve vários pontos de alagamento com árvores caídas no trecho da BR 116 entre Picada Café e São Marcos. Caxias do Sul registrou queda de árvores em diversos bairros da cidade. Parte da estrutura de um posto de combustível, no bairro Santa Catarina, desabou com as fortes chuvas. Na Rota do Sol, vários trechos tinham árvores caídas na pista.
Segundo a MetSul, o que levou à ocorrência dos temporais foi a formação de várias células de tempestades isolados com nuvens do tipo Cumulunimbus a partir de uma combinação de ar quente, baixíssima pressão atmosférica e abundante umidade, o que fez com que a atmosfera ficasse extremamente instável e propícia à formação de nuvens de tempestade.
Porto Alegre registra madrugada com muitos raios

Muita gente acordou no meio da noite com as intensas trovoadas que atingiram Porto Alegre no final da madrugada deste sábado. Grande quantidade de raios nuvem-solo com fortes a intensas trovoadas atingiu a região da capital gaúcha por volta das 5h. Nas redes sociais da MetSul, vários usuários se diziam espantados e assustados com a força da tempestade elétrica.
Nuvens extremamente carregadas estavam sobre a área de Porto Alegre. De acordo com a imagem do canal infravermelho do satélite meteorológico GOES-16, os topos das nuvens atingiam mais de 80ºC negativos. Temperatura de topos das nuvens entre -80ºC e -90ºC indicam que eram nuvens com grande desenvolvimento vertical, que pode atingir dez a quinze quilômetros de altura na baixa troposfera, e costumam provocar chuva forte e/ou temporal. O que levou à formação da nuvem muito carregada do tipo Cumulunimbus foi uma combinação de ar quente, baixíssima pressão atmosférica e abundante umidade, o que fez com que a atmosfera ficasse extremamente instável e propícia à formação de nuvens de tempestade.
O aeroporto Salgado Filho registrou pressão atmosférica entre 4h e 5h da manhã pressão em superfície de apenas 996 hPa. Trata-se de um valor extremamente baixo de pressão e que é pouco comum em Porto Alegre. Normalmente, quando a pressão cai abaixo de 1000 hPa o cenário se torna muito favorável a tempo severo. Quanto menor a pressão, maior a instabilidade. A história de Porto Alegre mostra que quando a pressão atingiu tais valores, muitas vezes houve fortes temporais com danos por vendaval. Por sorte, não desta vez.
Não houve registro de vento intenso. O que caiu foi muita chuva em curto período. A chuva em pouco mais de meia hora somou 20 mm no Centro e na zona Norte, ou seja, um quinto da média histórica de precipitação do mês inteiro em poucos minutos. O acumulado de chuva na Capital em tão somente 12 horas, até às 6h da manhã deste sábado, atingia 55 mm na estação da zona Norte, logo mais da metade da média histórica de precipitação do mês de novembro inteiro na cidade que é de 105,5 mm.

Vale do Taquari vive nova enchente com inundações em várias cidades

O Vale do Taquari volta a sofrer com o drama das águas e acordou neste sábado com o Rio Taquari alagando cidades e forçando a saída de pessoas de suas casas. Há pontos de inundação em vários municípios da bacia como Encantado, Muçum e Lajeado. A chuva persiste na região e nas nascentes, o que tende a agravar o quadro.]
“Quem puder sair de sua residência, saia”, alertou o prefeito de Lajeado, Marcelo Caumo, em entrevista à Rádio Independente no começo da manhã de sábado, depois de o Rio Taquari ter atingido a cota de inundação durante a madrugada e ter começado a alagar pontos da cidade. A Defesa Civil de Estrela iniciou a remoção de algumas famílias. Como são muitos os pedidos de remoção, o número deve aumentar nas próximas horas. Outras famílias estão indo para casa de familiares. Os desabrigados são levados para o ginásio municipal. Vários trechos de rodovias municipais, no interior dos municípios do Vale do Taquari, estão com bloqueios por inundações. Os problemas ocorrem em Colinas, Lajeado, Estrela, Arroio do Meio e Teutônia.
Em Roca Sales, uma das cidades mais castigadas pela enchente catastrófica do mês de setembro que deixou mais de 50 mortos, comerciantes começaram a retirar as suas mercadorias ainda na sexta-feira com as notícias de forte elevação do Rio das Antas, na Serra. A MetSul Meteorologia alerta há vários dias que o Rio Taquari deveria passar por uma nova cheia com enchente no vale.
Modelos desde o começo da semana passada, logo há mais de dez dias, projetavam acumulados extremos de chuva na Metade Norte do Rio Grande do Sul, na bacia do Taquari-Antas. O nível do Rio Taquari, no Porto de Estrela, estava em 22 metros às 7h deste sábado e ainda subia rapidamente. A cheia não será grave como a de setembro, mas vai ter grande proporção no vale. Em setembro, o Taquari chegou a 29,62 metros, apenas 30 cm abaixo do recorde da enchente de 1941.

MetSul alerta para enchente grave e de proporção histórica do Rio Uruguai

A MetSul Meteorologia alerta que o Noroeste do Rio Grande do Sul e a Fronteira Oeste gaúcha vão enfrentar uma enchente histórica nos próximos dias por uma cheia de grandes proporções do Rio Uruguai. Será uma das maiores enchentes do Rio Uruguai da história, conforme a avaliação da MetSul. O nível medido na régua argentina de Soberbio, junto ao extremo Noroeste do Rio Grande do Sul, às 6h da manhã deste sábado, atingia 19,20 metros. A marca superava o pico da grande cheia de 19 de outubro, no local, de 17,85 metros, assim como o pico subsequente de 16,7 metros no começo de novembro.
A vazão afluente da Usina da Foz do Chapecó registrou o número mais alto do ano, com 27,6 mil metros cúbicos às 14h da sexta-feira. Durante a tarde, as comportas foram abertas para a água verter. Inicialmente, cidades catarinenses e gaúchas do Médio e Alto Uruguai serão as afetadas por inundações graves a severas pela cheia do Rio Uruguai. Municípios como Itapiranga, Iraí, Porto Mauá, Barra do Guarita, dentre outros, serão duramente impactados. Na sequência, a grande enchente afetará a fronteira.
Assim, municípios como São Borja, Itaqui e Uruguaiana devem se preparar para uma cheia poucas vezes se viu na história recente com moradores fora de casa e um grande número de áreas alagadas, nas zonas rurais ribeirinhas e mesmo nas zonas urbanas destes municípios. Devem ser esperados muitos milhares de desabrigados e desalojados e as pessoas devem começar a planejar a retirada de seus pertences de casa imediatamente ante a rápida e muito acentuada elevação das águas nos próximos dias. No final deste mês, a enchente vai afetar cidades do Uruguai e da Argentina na fronteira entre os dois países. O Litoral Oeste do Uruguai será muito castigado pelas enchentes e a cidade de Salto deve se preparar para uma inundação ainda maior do que a última.

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