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Saúde

- Publicada em 11 de Outubro de 2023 às 16:23

Mercantilização da medicina é criticada pelo cardiologista Fernando Lucchese

Maira Caleffi, Gilberto Schwartsmann, Rodrigo Sousa, da Federasul, e Fernando Lucchese participaram do Tá na Mesa

Maira Caleffi, Gilberto Schwartsmann, Rodrigo Sousa, da Federasul, e Fernando Lucchese participaram do Tá na Mesa


Tânia Meinerz/JC
"A medicina está mudando rapidamente porque está havendo um jogo de cadeiras na área de convênios e dos planos de saúde. Está ocorrendo uma mercantilização muito forte do setor. Cada convênio está se verticalizando tendo seu próprio hospital muitos com sérios problemas de estruturação. Infelizmente, quem acaba sofrendo com esse modelo predatório é o usuário". A avaliação é do médico Fernando Lucchese, diretor do Hospital São Francisco da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, que nesta quarta-feira (11) participou do Tá na Mesa da Federasul na companhia dos colegas Maira Caleffi, chefe do Serviço de Mastologia do Hospital Moinhos de Vento, e de Gilberto Schwartsmann, professor titular da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Os três médicos participaram do Tá na Mesa especial, no Palácio do Comércio, que celebra os 30 anos do evento. O tema das palestra foi "Lideres e Empresas que Transformam o RS".
"A medicina está mudando rapidamente porque está havendo um jogo de cadeiras na área de convênios e dos planos de saúde. Está ocorrendo uma mercantilização muito forte do setor. Cada convênio está se verticalizando tendo seu próprio hospital muitos com sérios problemas de estruturação. Infelizmente, quem acaba sofrendo com esse modelo predatório é o usuário". A avaliação é do médico Fernando Lucchese, diretor do Hospital São Francisco da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, que nesta quarta-feira (11) participou do Tá na Mesa da Federasul na companhia dos colegas Maira Caleffi, chefe do Serviço de Mastologia do Hospital Moinhos de Vento, e de Gilberto Schwartsmann, professor titular da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Os três médicos participaram do Tá na Mesa especial, no Palácio do Comércio, que celebra os 30 anos do evento. O tema das palestra foi "Lideres e Empresas que Transformam o RS".

• LEIA MAIS: Novos tratamentos e atendimento personalizado aumentam chances de cura de pacientes com câncer de mama

Segundo Lucchese, existem convênios muito mal estruturados que vem de diversas partes do País e que entram de forma quase predatória no sistema de saúde e os hospitais sofrem muito com isso. "Não existe opção e os hospitais no Rio Grande do Sul tem que aceitar porque são os convênios que mandam no mercado de saúde", ressalta. Conforme o diretor do Hospital São Francisco, existe uma dificuldade muito grande por parte da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) de impor limites e adotar novos procedimentos. "Teremos que ter uma grande crise ou uma implosão para que possamos ter dois ou três bons convênios no Brasil para chegar a população e prover uma saúde suplementar de qualidade", ressaltou.
De acordo com Lucchese, os custos da medicina aumentarem muito nos últimos anos. O médico citou que a Santa Casa possui dois grandes problemas: 70% dos pacientes da instituição são do Sistema Único de Saúde (SUS). "Atendemos 1 milhão de pacientes por ano. O SUS nos gera um déficit anual de R$ 153 milhões que temos que absorver com convênios", destaca. De acordo com o médico, o hospital Nora Teixeira, que será inaugurado este mês, vai financiar uma parte desse déficit. O hospital foi construído com doações de empresários. O segundo problema é o Instituto de Previdência do Estado (IPE) que chegou a dever R$ 45 milhões a Santa Casa e os pagamentos eram realizados com cinco ou seis meses de atraso. Segundo Schwartsmann, 75% dos brasileiros tem apenas o SUS como referência na área da saúde. O restante, 25%, possuem planos de saúde.
Sobre a importância dos exames preventivos do câncer de mama, Maira Caleffi disse que a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) afirma que sobram mamografias em Porto Alegre, mas por outro lado as mulheres não conseguem fazer os exames. "No Rio Grande do Sul, está faltando um programa de rastreio. As mulheres estão morrendo por uma doença que tem cura. A enfermidade avançada custa até sete vezes mais que no estágio inicial. Está faltando gestão, vontade política e financiamento", destacou. A médica Maira Caleffi afirma que o cenário no Rio Grande do Sul é de 3.720 casos novos da doença em 2023. Em Porto Alegre, serão 670 casos da enfermidade neste ano. "Por trás de cada número, existe uma mulher e sua família, que precisam de cuidado e acolhimento", acrescenta a médica mastologista. Para Lucchese, falta no Brasil a cultura da prevenção, e que segundo o cardiologista, não dá certo no País porque ela ainda não virou um "bom negócio".