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Educação

- Publicada em 10 de Outubro de 2023 às 13:51

Queda na procura pela carreira pode levar a um apagão professores no Rio Grande do Sul

Estudo do Observatório Sesi indica que até 2040 haverá um déficit de 10 mil docentes

Estudo do Observatório Sesi indica que até 2040 haverá um déficit de 10 mil docentes


Samuel Maciel/DIVULGAÇÃO/CIDADES
A proximidade do Dia dos Professores propõe uma reflexão sobre a situação dos docentes gaúchos. Um estudo do Observatório Sesi da Educação, apresentado na manhã desta terça-feira (10), aponta para um futuro preocupante para estes profissionais, com graves consequências ao ensino básico no Rio Grande do Sul. Levando-se em consideração que o número de educadores diminui em uma proporção quatro vezes maior do que a queda na quantidade de alunos, até 2040 haverá um déficit de 10 mil mestres.
A proximidade do Dia dos Professores propõe uma reflexão sobre a situação dos docentes gaúchos. Um estudo do Observatório Sesi da Educação, apresentado na manhã desta terça-feira (10), aponta para um futuro preocupante para estes profissionais, com graves consequências ao ensino básico no Rio Grande do Sul. Levando-se em consideração que o número de educadores diminui em uma proporção quatro vezes maior do que a queda na quantidade de alunos, até 2040 haverá um déficit de 10 mil mestres.
O RS, ao longo dos tempos, vem perdendo posição no ranking do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica no País). Mais do que discutir estrutura, perpassa a discussão da formação do professor”, pontua Ecleia Conforto, gestora do Instituto SESI de Formação de Professores.
Entre as principais causas deste declive está o desinteresse pela carreira docente. No período entre 2010 e 2021, observa-se uma queda no número de ingressantes, matrículas e concluintes na ordem de 59,91%, 48,37% e 59,25%, respectivamente. Diante disso, a oferta, especialmente nas instituições de Ensino Superior privadas, apresentaram uma redução de 48,38% dos cursos nas áreas de licenciatura neste período.
O encolhimento no quadro de professores no Estado também passa pela remuneração. De acordo com os dados de 2021 da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), ele ganha em média R$ 4.024,00 no RS. Por etapa de ensino, os que atuam no Ensino Fundamental são aqueles que apresentam um salário médio mais alto (R$ 4.940,17). Ao mesmo tempo, os salários médios de profissionais da mesma área que atuam em diferentes frentes são maiores.
Outro fator indicado pelo levantamento é a chamada “escassez oculta”, que não se trata apenas de uma falta de professores em números absolutos, mas também da falta de profissionais com as qualificações adequadas para atuar em determinadas áreas do conhecimento ou atender a determinados requisitos pedagógicos. “Colocar essas pessoas dentro da universidade não garante qualidade, precisamos discutir qual é a qualidade desta formação. Para isso, precisamos de formação inicial continuada e políticas de atratividade para a carreira docente”, explica Ecleia.
A taxa de evasão dos cursos de licenciatura e o envelhecimento dos profissionais da categoria – em 2022, aproximadamente 58,86% dos professores tinham 40 anos ou mais, sendo que o percentual dos profissionais na faixa etária é de 8,39% – engrossam a lista dos indicadores negativos.
Entretanto, a gestora afirma que o objetivo desta averiguação está na necessidade de se enxergar o ensino de forma menos quantitativa e mais qualitativa: “Temos um estudo de Efeito Escola que comprova que 95% dos impacto da aprendizagem está nas suas condições sócio-econômicas. Então precisamos olhar com estes outros 5% conversam com as outras áreas”.
Nesse sentido, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) realiza uma análise em escolas de todo o mundo. Para o especialista em avaliação educacional do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) para Escolas da instituição, Chi Sum Tse, “estes fatores não permitem que haja uma uniformidade dos dados, impedindo que se faça uma comparação entre os países”. Sendo assim, ele salienta que a grande disparidade na distribuição de renda fazem da América Latina um dos continentes com maior disparidade entre os desempenhos individuais.
Tse é um dos convidados da quinta edição da Mostra Sesi Com@Ciência, realizada no Instituto Sesi de Formação de Professores, em Porto Alegre, na terça e na quarta-feira (10 e 11 de outubro). Além dele, o evento conta também com outros palestrantes nacionais e internacionais e sete painéis temáticos.
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Em números

Considerando que a média de alunos por professor na educação básica no estado é de 20 alunos, e levando em conta o decréscimo projetado na população em idade escolar (de 4 a 18 anos) nos próximos 17 anos, estima-se que em 2040 o Rio Grande do Sul terá 83.783 docentes em atividade. No entanto, será necessário um total de 94.137 professores para atender à demanda de alunos, resultando em um déficit de aproximadamente 10 mil professores na educação básica. Essas estimativas foram fornecidas pelo Observatório SESI da Educação, um centro de análise de dados educacionais do Instituto Sesi de Formação de Professores.”