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Saúde

- Publicada em 18 de Maio de 2023 às 16:54

Nova diretriz da OMS sobre adoçantes artificiais não deve ser motivo de pânico

Recomendação não diz respeito a pessoas que já estão diagnosticadas com diabetes

Recomendação não diz respeito a pessoas que já estão diagnosticadas com diabetes


Marcelo Camargo/Agência Brasil/JC
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou recentemente uma nova diretriz sobre adoçantes artificiais em que desaconselha o uso destes produtos para pessoas que buscam emagrecer ou evitar desenvolver diabete. Esta notificação, no entanto, não deve ser motivo de pânico ou desespero para pessoas que têm o costume de tomar café adoçado, refrigerantes zero açúcar ou outros alimentos que levam estes produtos, geralmente processados e ultraprocessados. O Jornal do Comércio conversou com especialistas no assunto para elucidar a população sobre os riscos à saúde que os adoçantes artificiais podem causar. 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou recentemente uma nova diretriz sobre adoçantes artificiais em que desaconselha o uso destes produtos para pessoas que buscam emagrecer ou evitar desenvolver diabete. Esta notificação, no entanto, não deve ser motivo de pânico ou desespero para pessoas que têm o costume de tomar café adoçado, refrigerantes zero açúcar ou outros alimentos que levam estes produtos, geralmente processados e ultraprocessados. O Jornal do Comércio conversou com especialistas no assunto para elucidar a população sobre os riscos à saúde que os adoçantes artificiais podem causar. 
O médico endocrinologista, professor do curso de pós-graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e diretor da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), Fernando Gerchman, explica que esta nova recomendação da OMS é divulgada após uma série de estudos em que não foi apontado benefícios no consumo de adoçantes para dietas de emagrecimento ou de prevenção à diabetes. Ao contrário, as pesquisas mostraram que estes produtos podem trazer malefícios à saúde humana.
"Não é um impacto, assim: tudo ou nada, a pessoa vai morrer ou não vai morrer. É um pequeno impacto na saúde, negativo, que a pessoa pode ter disposição, ao adoçante, que pode levar a um pequeno risco maior de ter diabetes, um pequeno risco maior de virar obeso, um pequeno risco de piorar seu colesterol, um pequeno risco de morrer por comer adoçante. Dentro do balanço de milhões de coisas que a gente faz no dia, negativas e positivas (para a saúde), é mais uma coisa no nosso dia de negativo, que pode levar a pessoa a acelerar seu processo de doença dela", explica Gerchman.
Outro ponto importante de ser esclarecido é que este parecer da OMS não diz respeito às pessoas que já estão diagnosticadas com diabetes. A nutricionista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Andria Volz, afirma: "O estudo não está falando de pessoas com diabetes. Em relação a pessoas com diabetes, a recomendação do controle glicêmico segue sendo a troca (do açúcar) por adoçante".
Gerchman e Volz também destacam que esta diretriz da organização de saúde se refere a efeitos causados a longo prazo, em pessoas que fazem uso contínuo e diário de adoçantes. "O que diz a recomendação é que não tem evidência para perda de peso a longo prazo", afirma Andria. O endocrinologista Fernando completa: "É possível, baseado nas observações a longo prazo, que exista algum risco de se desenvolver doenças como obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares com o uso continuado de adoçantes em quem está querendo fazer controle do peso". 
O médico dá um exemplo: "Se você comer ovo todos os dias tem estudos mostrando que também aumenta o risco de desenvolver doenças cardiovasculares. Então é mais uma coisa que a gente tem que levar em conta e, digamos assim, utilizar com parcimônia, com cautela". "Não é um veneno, não é uma coisa tóxica. Mas como política de saúde, não precisa ser recomendado", conclui o médico.
Além disso, a Abeso, associação da qual Gerchman é diretor, publicou em suas redes sociais um esclarecimento sobre a notificação da OMS, afirmando que o "documento é dirigido a governos, isto é, aos responsáveis por políticas públicas". Ou seja, é uma recomendação para que agências de saúde pública tenham mais precaução para que estes produtos devam ser analisados "dentro de todo um padrão alimentar".

E o meu cafezinho adocicado, como fica?

Antes de tudo, é importante destacar que vários estudos apontam que o consumo de café, em quantidades razoáveis, traz diversos benefícios à saúde. Agora, para pessoas que apreciam o café com adoçantes e açúcar e buscam emagrecer ou evitar diabetes, há uma alternativa a estes produtos? O endocrinologista Fernando Gerchman afirma que não, e o ideal é tomá-lo puro, sem acréscimo de outros produtos.
Ele cita, porém, os açúcares menos refinados. Mas pondera: "eles também são açúcar. Eles acabam, de certa maneira, tendo um efeito biológico muito parecido com o açúcar (refinado). Talvez tenha um pouco mais de fibra, o que faz com que a glicose seja melhor regulada pelo corpo". Mesmo assim, não é o recomendado. "O ideal, realmente, é tomar o café sem nada", conclui o médico. 
A nutricionista Andria Volz repete o que diz Gerchman: não há alternativas para adocicar o café. No entanto, ela explica que o paladar é adaptável, e recomenda que as pessoas pelo menos tentem tomar o seu cafezinho sem a adição de outros produtos. "A minha sugestão é que as pessoas tentem provar o sabor real dos alimentos [...]. Uma tentativa é ir diminuindo aos poucos a quantidade do açúcar ou do adoçante, ir reduzindo até se acostumar com o paladar, porque o nosso paladar se adapta", afirma a nutricionista.  

Recomendação não significa que devemos dar preferência ao açúcar

A nutricionista Andria Volz destaca que é importante deixar claro que está recomendação não diz para adotar o açúcar ao invés do adoçante. "A recomendação não é para trocar (o adoçante pelo açúcar). O ideal seria consumir alimentos que são adoçados naturalmente, que não contenham adição de açúcar e nem de adoçante", afirma Volz. 
Para quem deseja perder peso, Andria reitera que este processo depende de déficit calórico - ou seja, a pessoa gastar mais calorias que consome. Em relação ao uso de açúcar ou adoçante artificial, ela afirma que depende de cada caso, que deve ser analisado individualmente, variando de indivíduo para indivíduo.