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Geral

Segurança

- Publicada em 27 de Abril de 2023 às 21:32

Polícia Penal é contra a privatização de presídios no Rio Grande do Sul

Nova casa de detenção em Erechim será construída em outro local do município

Nova casa de detenção em Erechim será construída em outro local do município


ASCOM DPERS/DIVULGAÇÃO/JC
Pensado para ser o primeiro projeto de Parceria Público-Privada (PPP) do Rio Grande do Sul na área da segurança, a construção do novo presídio de Erechim, no Alto Uruguai do Estado, causa divergências de opiniões entre a entidade representativa dos servidores e o governo. Com o edital publicado na última terça-feira pela Secretaria de Parcerias e Concessões (Separ), o leilão deve acontecer em julho, na B3, em São Paulo. 
Pensado para ser o primeiro projeto de Parceria Público-Privada (PPP) do Rio Grande do Sul na área da segurança, a construção do novo presídio de Erechim, no Alto Uruguai do Estado, causa divergências de opiniões entre a entidade representativa dos servidores e o governo. Com o edital publicado na última terça-feira pela Secretaria de Parcerias e Concessões (Separ), o leilão deve acontecer em julho, na B3, em São Paulo
O Sindicato da Polícia Penal do Rio Grande do Sul (Sindippen/RS) é contrário ao modelo proposto pelo Estado. Para o presidente do Sindippen/RS (antigo Amapergs Sindicato), Saulo dos Santos, a iniciativa "mascara a privatização do serviço" que, em sua concepção, é indelegável. Já a Secretaria de Parcerias alega que o modelo de PPP foca na ressocialização dos apenados e traz mais eficiência para o sistema prisional. A reportagem procurou a Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo, mas a assessoria de comunicação se limitou a dizer que a gestão do edital está com a Separ
Entre as principais preocupações de Santos em relação ao modelo de gestão proposto estão os valores para manter a parceria privada, bem como o aumento da insegurança e das possibilidades de fraudes ao delegar a vigilância e outros serviços à empresa privada. "Fragiliza a relação de segurança, é ruim para os presos, para a sociedade e para os servidores. A maioria das rebeliões acontece em cadeias que não são públicas. Os salários mais baixos dos trabalhadores da empresa privada também podem causar corrupção dentro dos presídios. Visitamos uma penitenciária com o modelo de PPP recentemente, e a rotatividade era enorme, porque o salário era muito baixo", aponta.
Santos afirma ainda que "às vezes, colocar um celular dentro do presídio significa um ano de salário desses profissionais, facilitando a corrupção", acrescentou o presidente do sindicato.  Ele ressalta, também, que a vigilância, monitoramento e disciplina são tarefas da Polícia Penal. 
Para melhorar o sistema penal, Santos defende, por outro lado, a reposição dos servidores e a qualificação das equipes. "Temos um déficit funcional muito grande. O governo está construindo e ampliando penitenciárias, mas todos os anos perdemos um grande número de funcionários que não é reposto", explicou. De acordo com a entidade, considerando a proporção recomendada de um agente penitenciário a cada cinco apenados, o déficit chega 4 mil profissionais. São 44 mil presos e 4,8 mil agentes, quando deveriam ser 8,8 mil. Ele também considera importante avançar na regulamentação da Polícia Penal.
De acordo com as informações da Secretaria de Parcerias, a nova unidade em Erechim terá 10,4 hectares, dois módulos com 26 mil metros quadrados cada e um total de 1,2 mil vagas disponibilizadas para apenados. A previsão para realização da obra é de até 24 meses com um investimento estimado de R$ 149 milhões. Além disso, o presídio também será em outro local, entre as rodovias ERS-135 e BR-153. "O nosso objetivo, de acordo com a nossa legislação, é desenvolver o sistema prisional de forma que os apenados possam voltar à sociedade e se relacionar da melhor maneira possível", afirmou o titular da Separ, Pedro Capeluppi.
O secretário afirma que a PPP irá tornar a construção do presídio mais ágil e que a parceria está condicionada a metas e fiscalização. "O poder concedente tem obrigação de fiscalizar todos os indicadores e fazer o monitoramento intenso de todas as cláusulas do contrato", explicou o secretário. Ele enfatiza que o suporte de vigilância será feito pela empresa, mas que o deslocamento interno, tratamento direto com o preso, revista e o transporte de apenados continuam de responsabilidade da polícia penal. Segundo informa o secretário, ainda, ficam sob gestão da empresa privada a educação, profissionalização, alimentação, lavanderia e outras atividades relacionadas ao funcionamento dos presídios. 
No passado, o sindicato entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul para congelar o avanço da PPP. A decisão favorável da Justiça ao sindicato foi derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que ressaltou, no entanto, que a vigilância, monitoramento e disciplina não são delegáveis ao setor privado. O sindicato da Polícia Penal informou que está estudando medidas similares para impedir o processo da PPP.