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Geral

Causa animal

- Publicada em 10 de Março de 2023 às 15:47

Ufrgs manda ONG, que atuava há mais de 13 anos no Campus do Vale, desocupar o local

Associação Patas Dadas divulga abaixo-assinado para tentar reverter o despejo do seu local de atuação

Associação Patas Dadas divulga abaixo-assinado para tentar reverter o despejo do seu local de atuação


DIVULGAÇÃO PATAS DADAS/JC
Bruna Tkatch
A Associação Patas Dadas divulgou nesta semana que foi despejada do seu local de atuação, um canil localizado no Campus do Vale, propriedade da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). A ONG atua com a defesa da causa animal há mais de uma década, e já doou mais de 1.000 cães e gatos.
A Associação Patas Dadas divulgou nesta semana que foi despejada do seu local de atuação, um canil localizado no Campus do Vale, propriedade da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). A ONG atua com a defesa da causa animal há mais de uma década, e já doou mais de 1.000 cães e gatos.
Em 2009, após casos de envenenamento de cães, um grupo de estudantes se reuniu e criou um grupo de cuidado e proteção aos animais do Campus do Vale. Desde 2016, como Projeto de Extensão da universidade, a ONG tem um espaço, isolado dos prédios de aulas, para abrigar e cuidar dos animais, um canil com 48 baias individuais e um pátio cercado para os cães, construído pela Superintendência de Infraestrutura (Suinfra) da Ufrgs.
Em 2017, moradores de uma ocupação de Viamão, que fica a poucos metros do canil, na divisa com o Campus do Vale, cobraram a universidade por conta dos latidos. Segundo a Associação Patas Dadas, muitos dos cães abandonados, que foram tratados e abrigados vêm deste mesmo local. Desde a denúncia, a Suinfra fiscalizou o barulho através de laudos semestrais, que apontaram ruídos acima do limite.
No início da pandemia de Covid-19, em 2020, os voluntários se reuniram virtualmente e decidiram retirar os cães do canil por tempo indeterminado. Isso ocorreu por questões de saúde, visto que o trabalho com os animais era feito em equipes, uma pela manhã e outra pela tarde, todos os dias da semana. A dificuldade de deslocamento também pesou para a decisão, uma vez que as viagens de ônibus sofreram reduções significativas de frequência no período.
A solução encontrada foi distribuir os cães em casas de passagem - alguém se oferece para abrigar o animal em sua casa e a ONG fornece ração, medicamentos e o que precisar para os cuidados básicos. Só que com o tempo, alguns cães ficaram sem esse abrigo temporário e o projeto precisou custear hospedagem paga, o que gerou custos enormes, em um momento de queda significativa das doações.
Após o avanço da vacinação contra a Covid-19, em 2021, e devido a situação financeira, as atividades no canil foram retomadas gradualmente. Em casos de emergência, o animal recolhido era levado ao canil até que um voluntário pudesse transportá-lo para receber atendimento médico.
Em 2022, no entanto, a coordenação da Associação Patas Dadas foi convocada para uma reunião com a Suinfra, que avisou de irregularidades nas dependências da universidade. O que ocorreu foi que a Licença de Operação do espaço estava suspensa desde 2020 e a ONG não havia sido avisada.
Após saber da situação, os voluntários tentaram rapidamente reverter a situação, em busca da regularização do espaço. A ONG afirma que a Suinfra parou de responder os e-mails e a comunicação com a universidade ficou gradualmente mais difícil. A Superintendência enviou um comunicado pelo sistema interno da universidade, sem avisar a coordenação nem a professora responsável pelo projeto, demandando o esvaziamento do canil.
A estudante de Matemática da Ufrgs, Julia Pocebon, é voluntária na ONG desde 2018. Ela afirma que o canil é essencial para o pleno funcionamento do projeto. “Se o canil não estiver aberto, a gente não tem para onde levar esses cães, porque conseguir uma casa de passagem voluntária é muito difícil, e as pagas só aumentam as nossas dívidas, que não temos como pagar”.
A Associação Patas Dadas perdeu o Projeto de Extensão, e continua com a Licença de Operação irregular, apesar das tentativas de reverter esse status. A Ufrgs demanda que todos os objetos da ONG, em maioria doações, sejam retirados do local imediatamente. Por isso, foi criada uma petição, como mais um esforço para conseguir o espaço de atuação de volta. Julia conta que a situação entristece os voluntários. “Gera não só uma revolta mas também dor de ver os animais ali e não poder fazer nada. A gente quer o nosso canil de volta e a gente vai lutar pelo nosso canil.”
A reportagem do Jornal do Comércio entrou em contato com a assessoria de comunicação da Ufrgs, que informou que o Gabinete da Reitoria não emitiu nenhum posicionamento sobre o caso.
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