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Acessibilidade

- Publicada em 09 de Dezembro de 2022 às 19:27

Confirmada para o próximo Gramado Summit, Amanda Lyra fala sobre carreira e acessibilidade

Cantora e especialista em acessibilidade digital lançou primeiro videoclipe 100% acessível no ano passado

Cantora e especialista em acessibilidade digital lançou primeiro videoclipe 100% acessível no ano passado


Letícia Futata/ Divulgação/ JC
Bárbara Lima
A cantora, artista e especialista em acessibilidade digital Amanda Lyra defende que a inovação precisa incluir as demandas de acessibilidade que, segundo ela, não são restritas apenas a pessoas com deficiência. "Uso o conceito da palavra como está no dicionário. Acessibilidade significa qualidade ou caráter do que é acessível. Significa facilidade na aproximação, no tratamento ou na aquisição", disse em entrevista ao Jornal do Comércio. A artista estará no Rio Grande do Sul para o Gramado Summit, que acontece entre os dias 12 e 14 de abril na Serra Gaúcha. Ano passado, ela lançou seu primeiro videoclipe, do som intitulado "Sem Reclamar", 100% acessível e protagonizado por pessoas com deficiência.
A cantora, artista e especialista em acessibilidade digital Amanda Lyra defende que a inovação precisa incluir as demandas de acessibilidade que, segundo ela, não são restritas apenas a pessoas com deficiência. "Uso o conceito da palavra como está no dicionário. Acessibilidade significa qualidade ou caráter do que é acessível. Significa facilidade na aproximação, no tratamento ou na aquisição", disse em entrevista ao Jornal do Comércio. A artista estará no Rio Grande do Sul para o Gramado Summit, que acontece entre os dias 12 e 14 de abril na Serra Gaúcha. Ano passado, ela lançou seu primeiro videoclipe, do som intitulado "Sem Reclamar", 100% acessível e protagonizado por pessoas com deficiência.
A artista curitibana passou a usar cadeira de rodas após uma queda em que quebrou o fêmur. No entanto, ela já convive com uma doença chamada Atrofia Muscular Espinhal (AME) desde o nascimento, que faz com que não consiga desenvolver força muscular e, conforme explica, "em algum momento precisaria da cadeira". Desde então, ela tem feito diversos movimentos para tornar os espaços em que frequenta mais diversos e trazer representatividade a pessoas com deficiência, como a iniciativa de promover o Projeto SoLyra, que levou shows, feitos por ela e outros artistas, a quase 8 mil crianças da rede de escolas de educação especial de Curitiba. Amanda também participou da elaboração dos termos do Decreto nº 1049 de 2020, que instituiu o Plano Decenal dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Curitiba, além de ainda ter sido homenageada com o Prêmio Cidade de Curitiba.
Na entrevista a seguir, a especialista refletiu sobre a carreira e sobre a palestra que dará no evento em Gramado.
Jornal do Comércio - Como surgiu o seu interesse pela música? 
Amanda Lyra - Eu fui criada em uma família de artistas. Aos 14 anos, aprendi a tocar violão. Aos 16, já comecei a tocar na noite de Curitiba. Gostava de tocar Blues, Rock, MPB. Aí, aos 21, me convidaram para tocar nos teatros, como produtora artística e compositora também. Me orgulho muito da minha trajetória, em 16 anos que estou na estrada já tive a oportunidade de abrir shows do Titãs, Ira... também cantei com Maria Gadú, Elba Ramalho e Kleiton e Kledir.
JC - Desses momentos, qual mais te marcou?
Amanda - É uma honra ouvir Kleiton e Kledir tocando uma composição minha, cantar ao lado de Maria Gadú então é difícil definir apenas um... Mas, acima de tudo, tem um momento na minha trajetória que me traz imensa felicidade. Foi a criação e execução do projeto SoLyra.
JC- Qual o conceito do projeto?
Amanda - Com o projeto SoLyra, levamos música para escolas de educação especial em Curitiba. Atendíamos 1,5 mil alunos por semana. No evento #MudandoOMundo, fizemos shows das 9h às 17h, quase 8 mil crianças puderam ver shows com pessoas que tinham alguma deficiência. Isso é muito importante! Uma criança com deficiência ver que pode chegar nos palcos, que pode se desenvolver... Com certeza, este é um dos momentos que mais marcou minha carreira.
JC- Você já se apresentava antes de ser cadeirante, como nos disse antes. Quais são as suas percepções dos ambientes artísticos quando o assunto é acessibilidade?
Amanda - Veja, muitos organizadores de eventos se preocupam em oferecer acessibilidade ao público, mas poucos se preocupam em pensar formas de tornar o ambiente acessível para os artistas. Imagina não ter uma rampa para subir o palco, ou só ter isso, como se resolvesse tudo? É como ficar sem autonomia, precisando pedir para que alguém nos ajude. Eu gosto de ter liberdade de me movimentar no palco. Isso começou a me incomodar quando me tornei cadeirante. Então, me vi atuando cada vez mais no mundo da acessibilidade. Ano passado, lancei meu primeiro vídeo clipe 100% acessível, o Sem Reclamar. Além de ter libras, áudio descrição e legendas, todos os protagonistas tem alguma deficiência.
JC - Hoje você é uma referência em acessibilidade digital. Como ingressou nessa área?
Amanda - Hoje, meu enfoque de trabalho está na acessibilidade digital. Isso começou mais fortemente quando iniciei o curso de publicidade, aos 30 anos, e vi que as marcas não estavam chegando a um número enorme de pessoas simplesmente porque não tinham acessibilidade. Temos 11 milhões de pessoas com deficiência auditiva e ainda temos vídeos que não legendados, por exemplo. Olha quantos clientes em potencial as marcas podem estar perdendo por conta disso. Isso sem contar que 60% das pessoas, segundo pesquisas do Facebook, não acionam o volume nos vídeos nas redes sociais. Então, elas também podem não estar recebendo a sua mensagem. Por isso, eu digo, para mim o conceito de acessibilidade vai além das pessoas com deficiência.
JC- O que é acessibilidade para você?
Amanda - Uso o conceito da palavra como está no dicionário. Acessibilidade significa qualidade ou caráter do que é acessível. Significa facilidade na aproximação, no tratamento ou na aquisição. Isso é para todo mundo. É para pessoas que têm deficiência, mas também para pessoas que não têm maturidade digital. Todo mundo quer acesso fácil. Por exemplo, se você chega em um prédio em que todo o conteúdo está no 20º andar, você entra no edifício e vai de escada? Não, você vai querer elevador. Se a marca não pensa nessa questão, a pessoa que é cadeirante, que é cega, e que não encontra elevador adequado ou sinalização, já pensa que aquilo não é para ela e deixa de consumir. Mas da mesma forma a pessoa que é idosa também não consome. 
JC - Como você acha que podemos ter mais acessibilidade?
Amanda - Precisamos conhecer as pessoas. Se você não conhece pessoas surdas, por exemplo, você não vai saber de que forma elas podem se sentir mais incluídas no seu evento ou na sua ação de marca. Precisamos que essas pessoas estejam discutindo isso e tomando decisões. No meu clipe, nós tínhamos uma comissão de acessibilidades, para que fosse possível pensar de maneira ampla, acessibilidade comunicacional, estrutural.
JC - O que você pretende abordar no Gramado Summit? Consegue nos dar uma prévia já?
Amanda - Estou muito feliz com esse convite. A minha ideia é justamente fazer uma provocação. Discutimos tanto inovação, falamos de diversidade no mercado, que, de fato, tem aumentado, mas na hora de discutir acessibilidade ainda precisamos avançar, até porque a legislação está avançando em relação a isso. Então vou deixar esse questionamento, se falamos até em meta-verso, por que ainda não conseguimos legendar vídeos e oferecer acessibilidade plena?
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