Com 64 anos de vida dos quais 40 dedicados a medicina, o médico geriatra Emilio Moriguchi afirma que para envelhecer com saúde e de forma saudável é que as pessoas não levem a vida sério demais. "Se levarmos a vida tão a sério não vamos chegar aos 100 anos. Eu já levei a vida a sério demais e é muito duro. A gente precisa saber o que é importante e o que não importante. Precisamos deixar de lado algumas coisas. Cheguei a essa conclusão depois que completei 60 anos de vida. Agora, eu já consigo dizer não para algumas coisas", acrescentou o especialista. De acordo com Moriguchi, a longevidade passa pelas pessoas terem um propósito de vida e que isso possa motivar todos a viverem com saúde e com boas companhias. "Precisamos ter momentos para relaxar. Não pode ser tudo muito sério em nossas vidas", explicou.
O médico geriatra diz que a fé é muito importante para a vida de qualquer pessoa e que qualquer religião procura algo supremo, superior ou transcendental, o que por si só é uma coisa boa. "Essa coisa boa que procuramos pode ter o nome de Deus, de Buda ou de qualquer espírito que nos motive a fazer o bem", destacou. Moriguchi trabalha com a questão da espiritualidade e a saúde. O médico fundou na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) a liga de saúde e espiritualidade para os estudantes da área da saúde. "É importante trabalhar a espiritualidade. Está provado através de diversos estudos que trabalhar a espiritualidade e a vida interior é muito importante para termos saúde e longevidade e não ficarmos doentes. Precisamos ter fé e espiritualidade no coração", acrescentou o médico geriatra.
O médico geriatra é um dos idealizadores do “Projeto Veranópolis: Estudos em Envelhecimento, Longevidade e qualidade de vida”. Moriguchi nasceu no Japão e veio para o Brasil com 10 anos, junto com a família. Ele é filho do professor e também médico Yukio Moriguchi, considerado o pai da geriatria na América Latina - Yukio Moriguchi, 96 anos, vive em Porto Alegre. Ele é um dos fundadores do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs) junto com o irmão José Otão. O avó Shizuo Hosoe (1901/1975) também foi médico no Japão.
Pesquisador na área da longevidade, na década de 1990, desenvolveu um projeto no município de Veranópolis - a cidade tinha um grande número de pessoas saudáveis e com qualidade de vida. Junto com a médica geriatra Elisabete Michelon, iniciou em 1994, um estudo que segue até hoje, que tem a cidade como referência mundial de longevidade saudável. "Não conheço cidade no Brasil que tenha um projeto como o de Veranópolis que tem até uma Secretaria Municipal da Longevidade. Eles se preocupam que a população tenha vida longa e feliz", acrescentou o especialista.