O Censo Demográfico 2022, que começou no dia 1 de agosto e deve se estender até 31 de outubro, gera trabalho e desafio para os 180 mil recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) espalhados pelo Brasil. Muitos deles enfrentam barreiras na hora de fazer a coleta domiciliar, que tem como objetivo traçar o perfil da população, ajudando a identificar problemas sociais e econômicos. Em Porto Alegre, há quem tenha medo de falar com os profissionais.
“Estou sentindo muita dificuldade. Algumas pessoas, aparentemente, não têm a informação do que é o IBGE, e do porquê do Censo. Então, acham que a gente quer saber da vida íntima delas, e a intenção não é essa, mas, sim, referente à população. Quem mora? Onde mora? O que o local precisa? Se tem saneamento básico, se não tem. O Censo é para que, no futuro, o governo possa enviar mais recursos para aquela localidade. E também tem a questão de mortalidade e natalidade”, declara Márcia Rocha, recenseadora do Censo 2022 de Porto Alegre, enquanto faz a pesquisa em domicílios na avenida João Pessoa, na região central da cidade.

A pesquisa do Censo é realizada a cada 10 anos. No entanto, em 2020, não foi possível a sua realização, sendo adiada para agosto de 2022. Com uma decisão feita em julho pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a participação da pesquisa do Censo virou obrigatória, podendo ser aplicada uma multa caso o cidadão se negue a responder. Porém, o IBGE opta pelo convencimento e cooperação da população, já que o levantamento tem como seu principal objetivo coletar dados confiáveis para os problemas poderem ser localizados e resolvidos.
Márcia afirma que o questionário não é a parte difícil do trabalho, mas sim convencer as pessoas a responderem as perguntas. Na quarta-feira (10), a recenseadora bateu em 38 apartamentos e apenas 11 aceitaram recebê-la. Cinco apartamentos estavam vazios e 22 não quiseram atender a porta ou pediram para retornar em outro horário.
Muitas pessoas ficam com receio de responder a pesquisa, o que não é o caso de Maria Carolina, zeladora de um prédio na João Pessoa, que respondeu a pesquisa e afirmou que não vê problema nisso. Ela acha o trabalho, inclusive, muito importante para o País. “O que acontece é que a gente vê a todo momento o crime acontecendo pela internet. Só o que tu podes fazer é ficar com medo. Esse receio das pessoas demonstra a insegurança total que o cidadão tem, e eles (os recenseadores) vão encontrar essa dificuldade nos bairros”, interpreta a zeladora.
Os recenseadores usam uniformes com colete e boné do IBGE, além de portarem um documento e um aparelho que registra as respostas. A pesquisa, na maioria das residências, dura em torno de cinco minutos e todos os dados são mantidos sob sigilo.